A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cancelou a autorização que permitia importar o spray nasal Taffix, desenvolvido em Israel para bloquear vírus dentro da cavidade nasal, incluindo o coronavírus.
Apesar do produto ser apresentado como altamente eficaz no bloqueio de vários vírus respiratórios, a Anvisa informou que a Belcher Farmacêutica, responsável pela importação, não apresentou estudos clínicos comprovando a eficácia do medicamento.
Por isso, foi necessário o cancelamento imediato da notificação do spray. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (19).
O Taffix foi notificado no dia 30 de dezembro de 2021, passando pela regularização pelo Programa de Auditoria de Dispositivos Médicos Isentos de Registro. A classificação é feita para produtos que apresentam risco baixo, com regularização simplificada após a comprovação de critérios e requisitos técnicos.
O processo é feito para agilizar a liberação, mas se os produtos forem apresentados na forma de medicamentos, podem ter a notificação cancelada.
A Belcher Farmacêutica informou que o spray Taffix não se configura como um medicamento, mas como um produto para saúde de acordo com regras da Anvisa.
“O Taffix caracteriza-se, ainda, como um produto para saúde de classe II, considerado de médio risco e classificado como uma barreira mecânica protetora contra alérgenos e vírus dentro da cavidade nasal. Dessa forma, o spray não se enquadra como um medicamento e não apresenta finalidade terapêutica, curativa ou diagnóstica”, disse a empresa.
“Trata-se de um spray nasal em pó que se transforma em um gel na cavidade nasal e cria uma barreira ativa para proteger e desativar os vírus frequentemente encontrados e transportados pelo ar”, acrescentou a Belcher.
A Anvisa esclareceu que as empresas que desejarem regularizar sprays antivirais devem comprovar todas as indicações de uso propostas por meio de estudos clínicos.
Comitiva brasileira tentou importar outro spray israelense
Em março de 2021, uma comitiva do governo brasileiro liderada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi a Israel para negociar um acordo de cooperação entre o Brasil e a empresa OBCTCCD24 LTDA, responsável por outro spray nasal, o EXO-CD24, que se apresentava eficaz contra a Covid-19.
A viagem custou R$ 88,2 mil aos cofres públicos e terminou sem a assinatura do acordo para importar o medicamento e fazer testes no Brasil. Segundo o Itamaraty, o motivo foi a falta da assinatura de um representante do Ministério da Saúde do Brasil.
A comitiva, que contou ainda com a presença dos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Helio Lopes (PSL-RJ), tiveram que ficar isolados em Israel e com circulação restrita ao hotel a aos compromissos oficiais para seguir os protocolos sanitários estabelecidos pelo governo local.
Também integraram a comitiva o ex-secretário de Comunicação do governo Fabio Wajngarten; os assessores do Palácio do Planalto Filipe Martins e Max Moura; auxiliares do Itamaraty; e somente dois técnicos: Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde, e Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência e Tecnologia.
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