O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (29), na Guiana, país que está sob ameaça de invasão pela Venezuela, que os países da América do Sul precisam trabalhar “intensamente” para manter a região como uma “zona de paz”. O brasileiro ressaltou que o continente não precisa de uma guerra.
“A nossa integração com a Guiana faz parte da estratégia do Brasil de ajudar não apenas no desenvolvimento, mas trabalhar intensamente para que a gente mantenha a América do Sul como uma zona de paz no planeta terra. Nós não precisamos de guerra. Guerra traz destruição de infraestrutura, de vidas, e traz sofrimento. A paz traz prosperidade, educação, geração de emprego e tranquilidade aos seres humanos”, afirmou Lula.
Ele deu a declaração durante pronunciamento à imprensa em Georgetown, capital da Guiana, após reunião com o presidente do país, Irfaan Ali. Lula negou que no encontro sobre a crise em Essequibo, um território vizinho do Brasil que é rico em petróleo e está em disputa entre Guiana e Venezuela.
Em outras ocasiões, Lula deixou claro a neutralidade do governo brasileiro na questão e a busca por uma solução negociada. Em dezembro, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana assinaram declaração conjunta em que os dois países se comprometem a não usar a força um contra o outro na disputa pelo território.
Os três presidentes estarão juntos nesta sexta-feira (1º), em São Vicente e Granadinas, onde acontecerá a 8ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Lula chegou a Georgetown na quarta-feira (28), onde participou do encerramento da 46º Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom). Ele embarca para São Vicente e Granadinas nesta quinta-feira.
Ainda no pronunciamento em Georgetown, Lula disse que agradecerá ao primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsales, por “coordenar as conversas entre Venezuela e Guiana”. “Espero que a gente tenha uma reunião da Celac produtiva, harmoniosa, e que todos nós saiamos de lá falando em paz, em prosperidade, em alegria, em amor e não em ódio”, afirmou o brasileiro.
Lula voltou a falar das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. “Todo mundo sabe que o Brasil é contra a guerra na Ucrânia, todo mundo sabe que o Brasil é contra o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Da mesma forma que fomos contra ao ato terrorista do Hamas e todo mundo sabe que o Brasil não tem e não quer contencioso em qualquer país do mundo”, disse.
O presidente também afirmou que houve um “apagão” na relação do Brasil com países da América do Sul após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele defendeu a integração do continente, com parcerias nas áreas de infraestrutura, desenvolvimento sustentável, energética e de alimentos.
“Lamentavelmente, após o impeachment da Dilma, houve apagão do Brasil com a América do Sul, um apagão na relação com a Guiana e com os países da Caricom, disse Lula. “Essa minha visita é a recuperação de uma política que estava sendo levada avante em 2010 e teve continuidade com Dilma e depois foi paralisada. Não apenas com América do Sul ou Guiana, mas, na verdade, o Brasil parou suas relações internacionais com o mundo”, emendou.
Ainda no discurso, ao lado de Irfaan Ali, Lula falou sobre um alinhamento do Brasil e da Guiana para enfrentar as mudanças climáticas. Disse ter convidado o presidente da Guiana para a reunião do G20 no Rio de Janeiro, em novembro, para “expor a monetização que querem fazer sobre a preservação da floresta da Guiana”.
“Esses assuntos me fizeram convidar o presidente para uma missão empresarial e que visite logo o Brasil para mostrar aos empresários as oportunidades que a Guiana oferece para o investimento brasileiro, na área de mineração, energética, petróleo, agricultura”, contou Lula.