Crise de Essequibo

Em recado a Maduro, Lula fala em paz no continente, ao lado de líder da Guiana

Na Guiana, país que sob ameaça de invasão da Venezuela, Lula diz que os países da América do Sul precisam trabalhar “intensamente para manter região como “zona de paz

Por Renato Alves
Publicado em 29 de fevereiro de 2024 | 13:30
 
 
 
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (29), na Guiana, país que está sob ameaça de invasão pela Venezuela, que os países da América do Sul precisam trabalhar “intensamente” para manter a região como uma “zona de paz”. O brasileiro ressaltou que o continente não precisa de uma guerra.  

“A nossa integração com a Guiana faz parte da estratégia do Brasil de ajudar não apenas no desenvolvimento, mas trabalhar intensamente para que a gente mantenha a América do Sul como uma zona de paz no planeta terra. Nós não precisamos de guerra. Guerra traz destruição de infraestrutura, de vidas, e traz sofrimento. A paz traz prosperidade, educação, geração de emprego e tranquilidade aos seres humanos”, afirmou Lula.

Ele deu a declaração durante pronunciamento à imprensa em Georgetown, capital da Guiana, após reunião com o presidente do país, Irfaan Ali. Lula negou que no encontro sobre a crise em Essequibo, um território vizinho do Brasil que é rico em petróleo e está em disputa entre Guiana e Venezuela.

Em outras ocasiões, Lula deixou claro a neutralidade do governo brasileiro na questão e a busca por uma solução negociada. Em dezembro, os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana assinaram declaração conjunta em que os dois países se comprometem a não usar a força um contra o outro na disputa pelo território. 

Os três presidentes estarão juntos nesta sexta-feira (1º), em São Vicente e Granadinas, onde acontecerá a 8ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Lula chegou a Georgetown na quarta-feira (28), onde participou do encerramento da 46º Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom). Ele embarca para  São Vicente e Granadinas nesta quinta-feira.

Lula fala em ‘apagão’ na relação do Brasil com vizinhos após impeachment de Dilma 

Ainda no pronunciamento em Georgetown, Lula disse que agradecerá ao primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsales, por “coordenar as conversas entre Venezuela e Guiana”. “Espero que a gente tenha uma reunião da Celac produtiva, harmoniosa, e que todos nós saiamos de lá falando em paz, em prosperidade, em alegria, em amor e não em ódio”, afirmou o brasileiro.

Lula voltou a falar das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. “Todo mundo sabe que o Brasil é contra a guerra na Ucrânia, todo mundo sabe que o Brasil é contra o que está acontecendo na Faixa de Gaza. Da mesma forma que fomos contra ao ato terrorista do Hamas e todo mundo sabe que o Brasil não tem e não quer contencioso em qualquer país do mundo”, disse.

O presidente também afirmou que houve um “apagão” na relação do Brasil com países da América do Sul após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Ele defendeu a integração do continente, com parcerias nas áreas de infraestrutura, desenvolvimento sustentável, energética e de alimentos.

“Lamentavelmente, após o impeachment da Dilma, houve apagão do Brasil com a América do Sul, um apagão na relação com a Guiana e com os países da Caricom, disse Lula. “Essa minha visita é a recuperação de uma política que estava sendo levada avante em 2010 e teve continuidade com Dilma e depois foi paralisada. Não apenas com América do Sul ou Guiana, mas, na verdade, o Brasil parou suas relações internacionais com o mundo”, emendou.

Ainda no discurso, ao lado de Irfaan Ali, Lula falou sobre um alinhamento do Brasil e da Guiana para enfrentar as mudanças climáticas. Disse ter convidado o presidente da Guiana para a reunião do G20 no Rio de Janeiro, em novembro, para “expor a monetização que querem fazer sobre a preservação da floresta da Guiana”.

“Esses assuntos me fizeram convidar o presidente para uma missão empresarial e que visite logo o Brasil para mostrar aos empresários as oportunidades que a Guiana oferece para o investimento brasileiro, na área de mineração, energética, petróleo, agricultura”, contou Lula.

 

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