Pandemia

Governo suspende exigência de comprovante de vacina de viajantes após ataque

O ataque hacker que tirou do ar o site do Ministério da Saúde, nesta sexta-feira (10), levou o governo federal a suspender as medidas restritivas a viajantes

Por Renato Alves
Publicado em 10 de dezembro de 2021 | 12:45
 
 
 
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O ataque hacker que tirou do ar o site do Ministério da Saúde, nesta sexta-feira (10), levou o governo federal a suspender as medidas restritivas a viajantes, que entrariam em vigor neste sábado (11).

A informação foi confirmada pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz. Segundo ele, as regras só devem começar a valer no próximo sábado (18). Entre elas, há a exigência de quarentena de cinco dias para quem chegar ao Brasil sem comprovante de vacinação contra covid-19.

O adiamento da entrada em vigor da exigência é visto como uma vitória de "negacionistas" da vacina, como apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O site do Ministério da Saúde, a página e o aplicativo ConecteSUS – que mostram comprovantes de vacinação contra a Covid-19 – foram invadidos por hackers na madrugada. O problema também afetou o sistema de notificação de casos da doença.

Ministro garante que dados estão preservados

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, tpouco antes do anúncio da suspensão das medidas, que os dados da população no ConecteSUS não serão perdidos após o ataque hacker.Segundo o ministro, existe backup das informações.

"É um prejuízo muito grande. São pessoas criminosas, nós esperamos encontrá-las e punir exemplarmente. (...) Mas esses dados não serão perdidos, o Ministério da Saúde tem todos os dados, é só uma questão de resgatar esses dados e colocá-los à disposição da sociedade", afirmou Queiroga, em visita a Belo Horizonte.

Segundo Queiroga, o governo está empenhado para que os dados voltem a ficar disponíveis "no mais curto prazo possível".

“Uma atitude criminosa, né, de um hacker, que está sendo investigada pela Polícia Federal, pelo Gabinete de Segurança Institucional. Hoje, o empenho total é para esses dados estarem disponíveis no mais curto prazo possível. Está sendo investigado, e assim que tiver alguém culpado será exemplarmente punido”, disse.

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Polícia Federal investigam o ataque hacker que tirou do ar os sites do Ministério da Saúde.

Ao tentar a página do ministério, o usuário encontra a seguinte mensagem: “dados internos dos sistemas foram copiados e excluídos”. O Portal Covid também foi afetado e se encontra sem possibilidade de acesso.

Grupo assume ataque cibernético

O Lapsus$ Group, que assume a autoria do ataque cibernético, diz que 50 terabytes de informações foram retirados do sistema e estão em posse do grupo. “Nos contate caso queiram o retorno dos dados”, diz a mensagem no site.

O portal sofreu um “ransomware”, ataque hacker caracterizado pela paralisação dos sistema seguido de um pedido de resgate para liberação. Os cibercriminosos inserem um tipo de vírus no sistema que impede o acesso às informações armazenadas. Com isso, pretendem forçar a vítima a pagar para recuperarem o acesso ao sistema.

Mourão minimizou o ataque

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), minimizou o ataque hacker.

“Não, não, não estou acompanhando isso aí, não. Não tenho nenhuma informação a esse respeito. Agora, ataque hacker tem todo dia, né? Aqui, a gente tem que estar se defendendo todo santo dia, acontece o tempo todo”, disse o vice-presidente na manhã desta sexta, ao ser questionado por jornalista se tinha informações sobre o ataque.

“Aí, às vezes, quando o cara consegue uma entrada que atinge algum setor que ele obtém dados que são vitais, a coisa fica complicada. Mas todo dia a gente está se defendendo”, completou Mourão.

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não fez qualquer comentário a respeito.

Ataque após Brasil x Argentina

Em setembro, uma página do site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi hackeada. O alvo foi a seção em que consta o formulário de Declaração de Saúde do Viajante.

O incidente ocorreu após decisão da agência de interromper jogo de futebol pelas Eliminatórias da Copa do Mundo entre Brasil e Argentina.

O formulário que sofreu o ataque é obrigatório para todos, brasileiros ou não, que pretendem ingressar no país — e foi preenchido com informações falsas por quatro atletas argentinos, que ocultaram sua passagem pelo Reino Unido nos últimos 14 dias.

Ao clicar na página, aparecia uma bandeira da Argentina com a frase: “Não ficamos de quarenta (sic) para passear pelos seus servidores. Vamos ser expulsos também?”.

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