O cacique Raoni fez críticas ao que considera ser uma demora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em cumprir promessas feitas a ele antes de ambos subirem juntos a rampa do Palácio do Planalto na posse do petista, no dia 1º de janeiro.
Em entrevista ao jornal O Globo, o líder indígena disse que depois daquele dia, não conseguiu mais contato com o petista. Entre os pontos “aquém do esperado” do atual governo, segundo Raoni, estão o veto parcial ao marco temporal das terras indígenas, a demarcação de terras, o atendimento à saúde dos povos indígenas e a retirada de invasores.
“Ele está devagar. Não cumpriu o que me prometeu no dia da posse e por isso vou a Brasília bater na porta dele”, disse.
Raoni defende que o marco temporal, aprovado pelo Congresso Nacional após campanha dos ruralistas, deveria ter sido vetado na totalidade, mesmo com o presidente tendo rejeitado os principais pontos da lei.
“O marco temporal vai ser muito ruim para nós. É o pior problema que os povos indígenas podem ter. Ele não foi idealizado por nós, mas sim por pessoas que têm ódio da gente, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, que incentiva o ódio contra gente”, afirmou.
Raoni afirma que os indígenas continuam tendo que conviver com ameaças e violência por parte de grupos como invasores, fazendeiros e grileiros. Para ele, o governo ainda não agiu como deveria para conter a situação.
“Desde a última vez que encontrei com ele, na cerimônia de posse, ele me prometeu que iria fazer ações em prol dos povos indígenas para que não existam mais essas ameaças e violência contra nós. E isso não está acontecendo. Eu também penso da mesma forma, ele está devagar sim”.
O cacique também se mostrou insatisfeito com o ritmo da demarcação de terras indígenas e diz que tem sido cobrado por outras lideranças.
“Não estou feliz com o que foi feito. Muitos parentes precisam de território demarcado. Muitos deles estão sofrendo e vão sofrer ainda mais pela violência. A saída é a terra ficar com quem tem direito. Todas as lideranças têm me procurado para cobrar isso de Lula”.