O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou na reunião virtual de cúpula do G20 nesta quarta-feira (22) e afirmou que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas pode “pavimentar o caminho para uma saída política” do conflito e uma solução de paz.
Na terça-feira (21), Israel e o Hamas fecharam uma trégua de quatro dias. O acordo envolveu troca da liberação de reféns israelenses, a maioria mulheres e crianças, e a libertação de presos palestinos, também formado por mulheres e crianças. Lula elogiou o acordo.
“Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre israel e palestina”, afirmou.
Ele disse ainda que o tema vai exigir “boa vontade” não só dos países envolvidos. “Esse conjunto de desafios vai exigir vontade política e determinação por parte de governantes e dirigentes de todos os países e organismos internacionais. Por meio do diálogo, temos de recolocar o mundo no caminho da paz e da prosperidade”.
O Brasil assume a presidência do G20 no dia primeiro de dezembro. O bloco que reúne as 20 maiores economias do mundo foi presidido pela Índia.
Com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável” a presidência brasileira vai focar em três eixos de atuação: inclusão social e o combate à fome e à pobreza; transição energética e o desenvolvimento sustentável; e a reforma da governança global. De acordo com Lula, o Brasil também vai lançar uma iniciativa da bioeconomia. Ele disse ainda que o país está criando duas forças-tarefa, uma contra a fome e a desigualdade e outra contra a mudança do clima.
Em seu discurso, Lula defendeu que é preciso mais pluralidade de vozes na governança global. “Queremos trabalhar no G20 para chegar lá com uma agenda climática ambiciosa que assegure a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas. isso só será possível abordando seriamente o endividamento, o acesso a financiamento e mecanismos progressivos de tributação. Também vamos discutir como fortalecer a governança global para lidar com antigas e novas questões. Uma maior diversidade de vozes precisa ser levada em conta”, pontuou.
Desde o início do seu terceiro mandato como presidente da República, Lula vem defendendo a necessidade de uma nova governança global. Nessa linha, tem sido crítico a diversos organismos internacionais, entre eles o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização das Nações Unidas (ONU), assim como a relação entre blocos europeus em negociações com países em desenvolvimento.
Durante reunião virtual remota com membros dos Brics, nesta semana, ele disse que “a credibilidade da ONU está em jogo” diante de conflitos em Rússia e Ucrânia, na Europa, e mais, recentemente, entre Israel e o Hamas, no Oriente Médio. O Brasil é contra o poder de veto dos países membros do Conselho de Segurança da ONU.