ESPANHA

Lula e Sanchéz se comprometem a avançar no combate ao racismo no esporte

A declaração ocorreu durante coletiva de imprensa entre os dois líderes de Estado, no Palácio do Planalto, em Brasília

Por Manuel Marçal
Publicado em 06 de março de 2024 | 13:38
 
 
 
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Na presença do presidente da Espanha, Pedro Sanchéz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (6) que os dois países têm registrado casos de racismo, discriminação racial e de xenofobia no esporte. Dessa forma, avaliou que a defesa da democracia “está inevitavelmente ligada à luta contra todas as formas de exclusão”. 

“Brasil e Espanha têm registrado episódios de racismo, de discriminação racial e de xenofobia, inclusive na área de esportes de grande público. Só um projeto social inclusivo nos permitirá erigir sociedades prósperas, livres, democráticas e soberanas”. 

Ainda sobre os casos de racismo no esporte, Lula disse que durante encontro com Sanchéz, eles decidiram “seguir avançando nesse caminho com medidas muito concretas”. O caso mais notável de xenofobia e racismo no esporte atualmente tem ocorrido com o jogador brasileiro Vini Jr, que atua no time de futebol Real Madrid, na Espanha. O jogador, inclusive, virou um porta-voz de ações antirracistas no esporte. 

As declarações ocorreram durante coletiva de imprensa entre os dois líderes de Estado. Pedro Sanchéz veio ao Brasil para tratar de uma série de acordos comerciais entre os dois países. "Brasil e Espanha possuem longa história de amizade e cooperação. O presidente Pedro Sánchez e eu estamos comprometidos em avançar nossa parceria estratégica tanto na vertente bilateral como na multilateral, sem nos omitir diante dos desafios de nosso tempo".

 

Em sua fala, Lula fez ainda um comparativo político entre as duas nações. Segundo ele, Espanha e Brasil são duas grandes democracias que enfrentam "o extremismo, a negação da política e o discurso de ódio, alimentados por notícias falsas".

"Nossa experiência no enfrentamento da extrema direita, que atua coordenada internacionalmente, nos ensina que é preciso unir todos os democratas. Não se pode transigir com o totalitarismo nem se deixar paralisar pela perplexidade e pela incerteza ante a essas ameaças", afirmou.

Encontro

Durante a agenda bilateral, Lula e Sanchéz trataram ainda sobre o acordo União-Europeia e Mercosul; bem como os conflitos entre Israel-Hamas e guerra entre Rússia e Ucrânia. 

Em abril do ano passado, Sánchez recebeu o petista no Palácio da Moncloa, em Madri, durante uma missão oficial de Lula. Já essa foi a primeira vez que o líder espanhol visitou o Brasil. Segundo informações do Ministério de Relações Exteriores, os dois líderes abordaram os seguintes temas:

  • negociações do acordo Mercosul-União Europeia;
  • guerra entre Rússia e Ucrânia;
  • crise no Oriente Médio, “em particular a grave situação humanitária em Gaza e as perspectivas de avanço de uma solução de dois Estados”;
  • e reforma das instituições de governança global.

Acordo União Europeia Mercosul

Ao lado de Pedro Sanchéz, Lula voltou a repetir que tanto União Europeia quanto Mercosul precisam do acordo comercial entre os dois blocos. “Não é mais uma questão de querer ou não querer, de gostar ou não gostar. Precisamos politicamente, economicamente e geograficamente fazer esse acordo, precisamos dar um sinal para o mundo de que queremos andar para frente. Por isso estou otimista".

Por sua vez, o presidente da Espanha disse que o tratado comercial entre os dois blocos é positivo e que vai transformar a geopolítica comercial. “Seria criado a maior área de intercâmbio mundial no mundo”.

Sanchéz pontuou que da parte da Espanha, o país não impõe restrições à assinatura do acordo. Lula lamentou ainda o fato de não ter assinado o tratado quando comandou interinamente o Mercosul e Pedro Sanchez presidia o bloco grupo europeu, no segundo semestre do ano passado.

Tema que se arrasta há mais de 20 anos, o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia ainda não teve desfecho. O Brasil chegou a colocar a culpa na França por travar as negociações. No entanto, nesta quarta-feira, Lula disse que ficou sabendo de “informações” de que os franceses não podem barrar o acordo. 

“A minha tranquilidade é que, segundo informações, a União Europeia não depende do voto da França para fazer o acordo. A União Europeia tem procuração para fazer o acordo e a França pode não gostar, mas paciência, faz parte do acordo, a França faz parte da União Europeia".

No entanto, as negociações do tratado estão suspensas até que as eleições parlamentares europeias de junho sejam concluídas. Atualmente, o Paraguai é quem preside o Mercosul interinamente. O presidente paraguaio Santiago Peña também elencou como prioridade o desafio de concluir o acordo de livre-comércio com os europeus.

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