O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) instalou nesta quarta-feira (23) a comissão nacional do G20, em cerimônia no Palácio do Planalto. Ele pediu dedicação dos ministros e ministras do governo para “não deixarem a peteca cair”, porque do ponto de vista político, segundo ele, o país assumir a presidência do grupo é maior que sediar uma Copa do Mundo.  

É a primeira vez que o Brasil assume presidência do grupo, que reúne as 20 maiores economias do mundo, no dia 1º de dezembro. O mandato dura um ano. 

“É o evento político mais importante que nós estamos metidos. Eu acho mais importante, do ponto de vista político, do que de uma Copa do Mundo”, frisou Lula logo em seguida cobrou esforço dobrado do alto escalão. “Acho que os ministros têm que ter em mente o seguinte: vocês foram eleitos, indicados ministros, para governar o Brasil. Que, portanto, a prioridade é a função para qual vocês foram escolhidos para ser ministros. Significa que vocês terão que trabalhar mais do que estão trabalhando, significa que terão que se virar em dois ou em duas para atender as necessidades da organização do G20 e para que a gente não possa deixar a peteca cair”. 

A reunião contou com representantes de todos os ministérios, mais o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.  

Durante o discurso, Lula pediu esforço dobrado do alto escalão ao pontuar que o país não tem experiência à frente do órgão multilateral e que todo o trabalho de coordenação vai passar pelo Ministério de Relações Exteriores.   

Além disso, o petista disse que “todos os segmentos da sociedade” serão contemplados nos grupos de trabalho do G20. 

Com o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável” a presidência brasileira vai focar em três eixos de atuação: inclusão social e o combate à fome e à pobreza; transição energética e o desenvolvimento sustentável; e a reforma da governança global.  

O Brasil também vai lançar uma iniciativa da bioeconomia. Lula afirmou ainda que o país está criando duas forças-tarefa, uma contra a fome e a desigualdade e outra contra a mudança do clima.   

Em junho, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o decreto instituindo a Comissão Nacional para Coordenação da Presidência do G20. O colegiado é formado por representantes de todos os ministérios mais o Banco Central.  

Aceno para o presidente do BC 

Depois de meses de trocas de farpas com o presidente do Banco Central, Lula fez, pela primeira vez, um aceno público para Roberto Campos Neto, que estava no encontro de instalação da comissão.  

“A novidade, pra quem pensava que o Banco Central não participava de reunião, o Roberto Campos do, Banco Central, que está cumprindo uma tarefa tanto quanto a nossa de participar das reuniões do G20”, disse Lula. 

Desde que o Comitê de Política Monetária (Copom), que é vinculado ao BC, iniciou a redução da taxa Selic, o petista parou de criticar publicamente Campos Neto e de questionar a independência da autoridade monetária.  

O Banco Central anunciou o primeiro corte da taxa de juros durante o governo Lula ainda no início de agosto. Depois disso, houve três quedas sucessivas. Atualmente, a inflação oficial está em 12,25%.  

No fim de setembro, Lula teve uma audiência reservada com o presidente da autoridade monetária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que foi o mediador daquela reunião, disse à época que tinha sido “um encontro institucional, de aproximação, encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas”. Por fim, ele classificou como “excelente” a conversa de Lula com Campos Neto.  

Ao comentar sobre o encontro com Lula, o presidente do BC disse que o petista tem mais paciência e disposição para ouvir do que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que classificou como "disperso".