O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta sexta-feira (21) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) , Ricardo Cappelli, que seja feito um “raio-x” na instituição para identificar possíveis envolvidos nas invasões de bolsonaristas radicais no Palácio do Planalto, em 8 de janeiro. Lula quer que esses servidores sejam demitidos do GSI.
“Quem participou, mobilizou, fez parte, financiou aqueles atos terrorista - esteja trabalhando onde estiver -, seja assumindo responsabilidade onde estiver, não ficará com as mesmas responsabilidades diante do governo do presidente Lula, porque nós queremos pessoas que defendam a democracia”.
A declaração ocorreu na saída de um evento na Convenção das Assembleias de Deus Ministério Madureira, em Brasília. O governo federal enfrenta o desafio de “desbolsonarizar” os militares, que entre outras atribuições estão no corpo funcional do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O então ministro do GSI Gonçalves Dias pediu demissão do cargo na última quarta-feira (20) após imagens reveladas pela “CNN” mostrar ele dentro do Palácio do Planalto com funcionários e bolsonaristas radicais no dia 8 de janeiro.
O ex-interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal (DF) Ricardo Cappelli assumiu interinamente o comando do Gabinete de Segurança Institucional. O órgão, que tem status de ministério, tem entre as atribuições: cuidar da segurança dos presidentes, das residências oficiais e do Palácio do Planalto.
Segundo governistas, muitos funcionários do GSI ainda eram ligados ao general Heleno, ex-ministro do órgão durante a gestão de Jair Bolsonaro. Membros do alto escalão do Palácio do Planalto afirmaram à reportagem de O TEMPO em Brasília, na última quinta-feira (20) que ‘armaram para o GDias’, isso porque, as imagens foram vazadas no dia em que Gonçalves Dias prestaria depoimento na Câmara dos Deputados.
Gonçalves Dias é o primeiro ministro de Lula a deixar o cargo. Ele tinha ocupado a mesma função na primeira e segunda gestão do petista. GDias era tido como ministro da cota pessoal do presidente.
Governo muda de posição e defende instauração da CPMI dos atos do dia 8 de janeiro
A revelação das imagens de GDias mostraram que ficou insustentável manter o ministro do cargo, e também de impedir a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) dos atos do dia 8 de janeiro.
Nesta quinta-feira (8) o Palácio do Planalto mudou de posição e orientou os líderes no Congresso, Câmara e Senado a apoiarem a instauração da CPMI.
Ainda na declaração à jornalistas, nesta sexta-feira, Alexandre Padilha voltou a comentar que os parlamentares da base do governo vão combater o “terraplanismo” de parlamentares da oposição, que alegam que existia petistas e lulistas infiltrados no dia das invasões aos prédios sede da Praça dos Três Poderes (Congresso Nacional; Supremo Tribunal Federal e Câmara dos Deputados).
Alexandre Padilha, que é responsável pela articulação política do governo, destacou que os parlamentares vão priorizar a investigação e a convocação de pessoas e empresas que financiaram e estimularam os ataques no dia 8 de janeiro.
“Tenho ouvido de líderes, tanto no Senado quanto na Câmara, uma vontade muito grande de trazer para CPI aqueles que são acusados de terem financiado os atos terroristas. Quem pagou, quem financiou esse ataque à democracia precisa ser investigado. A CPMI vai ser um espaço, onde serão convocados e identificados, para a população, quem financiou os atos”
"A CPMI vai atrás de todos os responsáveis, seja quem tem responsabilidade financeira, de ter pago, financiado, como a Polícia Federal já vem identificando empresários que financiaram, quanto aqueles que planejaram, aqueles que mobilizaram", completou o ministro.
Padilha corroborou a visão do Palácio do Planalto ao dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro “é o responsável moral, espiritual, organizativo” pelos atos do dia 8 de janeiro.
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