Estratégia

Ministro avalia que líderes religiosos podem ajudar a ampliar programas sociais

Wellington Dias afirmou em entrevista exclusiva ao TEMPO Brasília que lideranças evangélicas podem fazer com que programas sociais cheguem a quem precisa

Por Manuel Marçal
Publicado em 25 de março de 2024 | 07:00
 
 
 
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O ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, afirmou em entrevista exclusiva a O TEMPO Brasília, que uma forma estudada pelo governo federal para furar a bolha e atingir o público evangélico é ampliar o diálogo com lideranças religiosas. A avaliação é a de que esses representantes estão mais próximos de “quem precisa”. Dessa forma, é possível fazer com que programas sociais cheguem a mais pessoas. 

No entanto, Dias ponderou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu ordem direta para que todos sejam tratados com a mesma “força” e sem distinção.

“O governo do presidente Lula respeita as igrejas, respeita os líderes e quer que o governo dele dê a mão a quem precisa. Tem muita gente do povo evangélico que não tem casa. Então, vamos orientar para ter casa. Esses líderes estão onde o governo não chega. E a gente pode trabalhar com esses líderes, com as suas entidades, para alcançar uma pessoa que está num mapa da fome e ainda não está no Bolsa Família”, exemplificou. 

Quatro pesquisas de opinião pública, divulgadas nas últimas semanas, apontam uma queda de popularidade do presidente. A rejeição ainda continua alta entre os evangélicos. A percepção é a de que a população não está sentindo, no dia a dia, os feitos do governo federal na área da saúde, economia e assistência social. Os dados acenderam uma luz amarela no Palácio do Planalto, sobretudo porque 2024 é ano de eleições municipais.

Enquanto a comunicação oficial do Executivo federal patina para tentar furar a bolha com as congregações evangélicas, o petista escalou os ministros para intensificarem agendas com lideranças religiosas, ao mesmo tempo que os auxiliares da articulação política já entraram em campo junto a representantes do Congresso Nacional. Durante a abertura da reunião ministerial da semana passada,o petista disse que existem partidos políticos que têm instrumentalizado a religião e usado as fé das pessoas “de forma vil e baixa”. 

Wellington Dias deu mais detalhes sobre o que o presidente Lula teria dito aos auxiliares, quando a reunião ficou reservada apenas aos ministros, sem transmissão. “Então, o presidente Lula disse pra gente: ‘Eu creio em Deus e a minha relação com Deus é uma relação minha com Deus. Não vou usar a fé das pessoas por conta de foto, por conta da política aqui é uma relação minha com Deus’. É isso que ele disse e eu respeito”, descreveu. 

Questionado se a aposta  de conversar com as lideranças seria o suficiente para alcançar os fieis, o titular da pasta responsável pelo programa Bolsa Família listou agendas recentes que ele realizou com lideranças católicas e evangélicas, em templos e igrejas, ao acompanhar o trabalho social que elas desempenham. Dias disse que o próprio governo federal pode apoiar essas iniciativas, a exemplo da cozinha solidária para atingir público mais carente. 

Nessas agendas, o ministro contou que ouviu desses representantes que eles querem ajudar o governo a identificar quem precisa acessar os programas. Ainda assim, reiterou que “a determinação de Lula” é atender brasileiros e brasileiras sem fazer distinção de religião e bandeira partidária. “Nós queremos alcançar cada brasileiro, o povo evangélico, católico, espírita, todas as pessoas que precisam do governo. E o governo tem aqui 42 programas que podem alcançar e melhorar a vida dessas pessoas”, concluiu. 

Confira a entrevista com o ministro do MDS, Wellington Dias:

 

Dias reconhece que governo federal precisa “ajustar problemas”

Wellington Dias admitiu ainda que a primeira reunião ministerial de 2024, realizada na segunda-feira da semana passada (18), “mostrou que sim, nós temos que ajustar problemas” dentro do Planalto. Ele, no entanto, optou por não elencar quais seriam essas dificuldades. O encontro de Lula com o primeiro escalão foi feito para fazer um balanço das realizações de 2023 e dar uma bronca nos ministros sobre a comunicação governamental. 

Nesse sentido, o petista cobrou alinhamento e união dos discursos sobre os feitos realizados pelo governo federal, e pediu que os ministros não exaltem apenas as entregas das próprias pastas. O ministro do MDS contou que apresentou o balanço de três pilares da pasta que comanda: tirar o Brasil do mapa da fome, com redução da pobreza e da miséria; promoção da dignidade às pessoas por meio dos atendimentos aos programas da assistência social; e reestruturação do Bolsa Família e aumento do número de beneficiados.

“Eu digo que a reunião [ministerial] mostrou que sim, nós temos que ajustar problemas. Eu digo, quando eu tenho um problema no governo, ele não é de A ou do B nem do C, ele é do governo, tem que atuar como uma orquestra, todo mundo junto. E sim, (precisamos) viajar pelo país”, respondeu o ministro Wellington Dias quando questionado se a falha estava na comunicação oficial. 

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