BRASÍLIA - O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revisou sua decisão e resolveu, nesta quarta-feira (24), não enviar observadores para a eleição presidencial na Venezuela, que ocorrerá no dia 28 de julho. A mudança ocorreu após declarações do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, questionando a confiabilidade do sistema de votação eletrônica brasileiro durante um comício.

"Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo", declarou a Corte Eleitoral em nota à imprensa.

O TSE reforçou que a "Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil".

Maduro, ignorando as acusações de falta de transparência nas eleições da Venezuela, afirmou que o país possui o melhor sistema eleitoral do mundo e que, no Brasil, o voto não é auditável. "Em que outra parte do mundo fazem isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é auditável? No Brasil? Não auditam nenhuma ata. Na Colômbia? Não auditam nenhuma ata", disse ele.

No entanto, a afirmação de Maduro é falsa. O sistema eleitoral brasileiro é auditável em todas as suas etapas, desde a preparação das urnas até a divulgação dos resultados.

A decisão do TSE desta quarta-feira (24) reverte uma determinação anterior de designar dois observadores para acompanhar a eleição presidencial. Em junho, a Corte havia emitido uma nota informando que não enviaria representantes para o pleito, sem fornecer explicações. Contudo, no início deste mês, o tribunal comunicou ao Ministério das Relações Exteriores a alteração nos planos, que agora foram novamente modificados.

Em entrevista a veículos internacionais nesta semana, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), declarou ter ficado "assustado" com a ameaça feita por Maduro de um possível "banho de sangue" caso seja derrotado pela oposição, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

Na terça-feira (23), Maduro reagiu à preocupação expressada por Lula sobre as eleições de domingo na Venezuela. "Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. Quem se assustou que tome um chá de camomila", afirmou Maduro, sem citar Lula nominalmente.