BRASÍLIA. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, neste sábado (6), que está “à disposição” para ser “sabatinado sobre qualquer coisa” ao discursar na abertura da Conferência de Ação Política Conservadora (Cpac), em Balneário Camboriú (SC). Bolsonaro deu a declaração ao fazer referência à “grande imprensa”.
"A imprensa que me critica, a grande imprensa, mais uma vez estou à disposição de vocês, para duas horas ao vivo ser sabatinado sobre qualquer coisa", disse. Esta é a 5ª edição do evento, que também terá a presença do presidente da Argentina, Javier Milei, que não irá se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A previsão é a de que Milei desembarque no Brasil na noite deste sábado.
O discurso deste sábado na Cpac foi a primeira aparição pública de Bolsonaro em um evento desde que foi indiciado pela Polícia Federal, na quinta-feira (4), no inquérito que apura a suposta venda irregular de joias e outros presentes oficiais recebidos por ele em agendas pelo exterior. O relatório indica crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. Ele nega as acusações.
Confirmaram presença na conferência diversas lideranças bolsonaristas, como os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Ricardo Salles (PL-SP), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Caroline De Toni (PL-SC), além do senador Magno Malta (PL-ES). O deputado estadual Bruno Engler (PL-MG), pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte, também confirmou sua participação.
O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro
A Polícia Federal investiga, desde março de 2023, o suposto desvio de bens de alto valor recebidos por Jair Bolsonaro em viagens internacionais. Os presentes dados por autoridades estrangeiras deveriam ser incorporados ao patrimônio da União, conforme a legislação brasileira.
A investigação começou a partir da informação que Bolsonaro ficou com joias recebidas de autoridades da Arábia Saudita em outubro de 2021. Após a publicação de reportagens pelo O Estado de S. Paulo, advogados do ex-presidente confirmaram que os itens estavam com ele e anunciaram a devolução.
O jornal paulista revelou que um militar que assessorava o então ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) tentou desembarcar no Brasil, após viagem ao Oriente Médio, com artigos de luxo na mochila. Como não tinham sido declarados, os bens foram apreendidos pela Receita Federal.
No entanto, novas reportagens revelaram que havia mais itens de alto valor recebidos por Bolsonaro em países árabes que não haviam sido entregues à União. O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu investigação e cobrou a devolução de todas as peças.
Um segundo pacote, que inclui relógio, caneta, abotoaduras, anel e um tipo de rosário, todos também da marca suíça de diamantes Chopard e depois entregues a Bolsonaro, estava na bagagem de um dos integrantes da comitiva e não foi interceptado pela Receita, como mostrou a Folha de S. Paulo.