BRASÍLIA - O tenente-coronel do Exército Mauro Cid contou em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-ministro da Defesa general Braga Netto recebeu dinheiro do “pessoal do agro” para bancar a vinda de manifestantes para Brasília.

A revelação foi registrada em vídeo e teve o sigilo aberto nesta quinta-feira (20) por Moraes. O magistrado é o relator do inquérito na Corte que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil orquestrada, segundo investigações da Polícia Federal (PF), por Jair Bolsonaro (PL) e Braga Netto, candidatos a presidente e vice na chapa derrotada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 30 de outubro de 2022.

“O general Braga Netto entregou e ele comentou que era alguém do agro que tinha dado. Mas eu não... eu não tenho... eu não sei o nome de quem foi, quem passou pra ele o dinheiro. A gente sabia que o pessoal do agro tava sempre ali, trazendo manifestante e tudo. Teve essa parte do financiamento pelo general Braga Netto”, diz Cid durante o interrogatório, que foi acompanhado também pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco.

Assista o trecho desse depoimento no vídeo: 

O tenente-coronel do Exército Mauro Cid contou em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-ministro da Defesa general Braga Netto recebeu dinheiro do “pessoal do agro” para bancar a vinda de manifestantes para Brasília. pic.twitter.com/EgbGAxraqg

— O Tempo (@otempo) February 20, 2025

Paulo Gonet pediu retirada do sigilo dos vídeos com depoimento de Cid

Nesta quinta-feira, Alexandre de Moraes tornou público vídeos dos depoimentos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. A decisão ocorre dois dias após Gonet apresentar denúncia por tentativa de golpe de Estado contra 34 pessoas, incluindo o ex-presidente Bolsonaro. 

Foi o próprio PGR quem pediu a queda do sigilo dos vídeos e de outros dados sigilosos da investigação realizada pela PF, que inclui outros episódios, como o da chamada Abin paralela e do uso da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para interferir no processo de votação no segundo turno nas eleições de 2022. Cid falou sobre esses casos em interrogatórios.