BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) dará início, na próxima terça-feira (24), a uma etapa decisiva do processo que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Em sessões fechadas conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, serão realizadas duas acareações entre alguns dos principais envolvidos no caso: o general da reserva Walter Braga Netto será confrontado com o tenente-coronel Mauro Cid, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres ficará frente a frente com o general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército.
As audiências ocorrerão na sede do STF, em Brasília, e terão acesso restrito aos réus, seus advogados e ao ministro relator do caso. A decisão foi tomada na última terça-feira (17), logo após o fim do prazo para que as defesas dos réus solicitassem novas diligências – fase que antecede o julgamento.
As acareações foram autorizadas a pedido das defesas de Braga Netto e Torres, que apontam contradições nos depoimentos prestados por Mauro Cid, delator e também réu na ação penal. Segundo os advogados, Cid mentiu ao implicar os dois militares em tratativas golpistas supostamente articuladas após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro (PL). O objetivo das acareações é esclarecer esses pontos de conflito.
"Núcleo crucial" da tentativa de golpe
Todos os envolvidos pertencem ao chamado “núcleo central” da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), ao lado de Bolsonaro e outros quatro acusados. A acusação sustenta que esse grupo liderou uma trama para tentar reverter o resultado das urnas e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os réus já prestaram depoimentos individuais a Moraes, que conduz a ação na Primeira Turma do STF.
No mesmo despacho em que autorizou os confrontos, Moraes rejeitou um pedido da defesa de Bolsonaro para anular o acordo de colaboração premiada de Mauro Cid. O ministro classificou a solicitação como “impertinente” e afirmou que não cabe discutir a validade da delação nesta fase do processo, já que o acordo foi homologado pela Justiça.