BRASÍLIA -- O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes manteve nesta quinta-feira (19) a prisão preventiva do coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), após audiência de custódia. 

Câmara é réu na ação que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e voltou a ser preso por ordem do ministro Alexandre de Moraes, acusado de descumprir medidas cautelares e tentar acessar indevidamente informações da delação premiada de Mauro Cid.

Segundo Moraes, Câmara utilizou seu advogado, Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz, para manter contato com Cid – delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro – e buscar dados sigilosos da colaboração com a Polícia Federal. 

O contato teria sido feito por meio de um perfil falso no Instagram, onde mensagens sobre o conteúdo da delação foram trocadas. Diante da conduta, o ministro também determinou a abertura de um novo inquérito para investigar o advogado por possível tentativa de obstrução de justiça.

Moraes diz que militar desobedeceu medidas judiciais

O magistrado destacou que Câmara violou ao menos duas medidas impostas pelo STF: a proibição do uso de redes sociais e o veto a contatos diretos ou indiretos com outros investigados. A atuação do advogado, segundo Moraes, ultrapassa os limites legais da profissão. "A inviolabilidade da advocacia não pode ser escudo para práticas ilícitas", escreveu o ministro.

Marcelo Câmara havia sido preso anteriormente em fevereiro de 2024, durante a operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), e permaneceu detido até maio. Mesmo após a soltura com uso de tornozeleira eletrônica, continuou a agir à margem das restrições judiciais, segundo a PF.

Os investigadores afirmam que Câmara integrava um núcleo estratégico do suposto plano golpista, voltado à produção de desinformação nas Forças Armadas e com propostas de sequestros e atentados contra autoridades, como ministros do STF e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

O novo mandado de prisão foi expedido na quarta-feira (18) e cumprido na região administrativa de Sobradinho (DF), próximo a Brasília, onde Câmara foi localizado. A decisão também determina que ele, Mauro Cid e o advogado sejam ouvidos em até 15 dias pela Polícia Federal. A defesa de Câmara afirmou que irá recorrer na próxima segunda-feira (23), alegando ilegalidade na prisão.