BRASÍLIA – A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (3) nova fase da Operação Overclean, que visa desarticular um esquema de desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo emendas parlamentares e convênios.
Nesta terça-feira da operação, agentes cumpriram 16 mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Aracaju (SE), além de uma ordem de afastamento cautelar de um servidor público de suas funções.
O servidor é o atual secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral. Na casa dele, agentes encontraram maços de dólares e euros, joias e relógios em um cofre.
Os mandados foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A PF faz operação em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), por envolver desvio de recursos públicos com fraudes licitatórias.
Estima-se que a organização tenha movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão por meio desses contratos fraudulentos e obras superfaturadas. Os crimes apurados incluem ainda peculato e obstrução da justiça.
Esquema seria comandada pelo "Rei do Lixo"
A PF mira o desvio de recursos de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) e a atuação do empresário Marcos Moura, conhecido como "Rei do Lixo", junto a políticos para destravar negócios públicos.
Marcos Moura é conhecido como "Rei do Lixo" por causa dos contratos firmados na área de limpeza urbana na Bahia. Ele integra a executiva nacional do partido União Brasil.
O empresário foi um dos presos preventivamente junto com outras 16 pessoas na primeira fase da Operação, em 10 de dezembro de 2024, mas depois foi solto por decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
A investigação sobre suposto desvio de emendas parlamentares em contratos do Dnocs foi remetida ao STF em janeiro após menção ao deputado federal Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara.
Na primeira fase da Overclean, a PF encontrou no cofre de Marcos Moura uma escritura de compra e venda de um imóvel de uma empresa para Elmar. Agentes fizeram nova busca na casa do "Rei do Lixo" nesta quinta-feira.
A segunda fase da Overclean ocorreu em 23 de dezembro de 2024, com a prisão preventiva de quatro pessoas: o policial federal Rogério Almeida Medeiros; Vidigal Cafezeiro Neto (Republicanos), na época vice-prefeito de Lauro de Freitas (BA); Lucas Dias, então secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista (BA); e o lobista Carlos André, apontado como operador do esquema.
O relator da ação no STF é o ministro Kassio Nunes Marques, que em fevereiro impôs sigilo ao caso.
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