BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que se sentiu “humilhado” com a operação da Polícia Federal (PL) nesta sexta-feira (18). Agentes estiveram na casa dele e na sede do PL, em Brasília, para cumprir mandados de busca e apreensão.
"O objetivo é uma suprema humilhação”, disse. “Sou ex-presidente, tenho 70 anos de idade, isso é uma suprema humilhação”, repetiu. Ele falou ao sair da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde colocou tornozeleira eletrônica.
Agora monitorado, Bolsonaro afirmou que “nunca” pensou em sair do Brasil ou ir para uma embaixada. Ele também se disse inocente no processo de golpe de Estado, em que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF). “Nada me coloca em um plano golpista que não existe”, frisou.
Na operação desta sexta-feira, a PF apreendeu, na casa do ex-presidente, R$ 7 mil e US$ 14 mil. Bolsonaro afirmou que o dinheiro não é ilícito e pode ter origem comprovada. “Sempre guardei dólar em casa. É normal”, frisou. Ele também ressaltou não saber sobre um pen drive encontrado pelos agentes no banheiro de sua casa.
Bolsonaro também voltou a afirmar que é alvo de perseguição pelo STF em um "inquérito político" e que não tem "nada de concreto" como prova. “Estou sendo perseguido. Não tem nada de concreto. A Procuradoria Geral da República foi além”, frisou.
A operação desta sexta-feira foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que afirmou que Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atuaram, nos últimos meses, pela imposição de sanções contra autoridades brasileiras pelo governo dos Estados Unidos.
Eduardo está nos EUA desde março e diz buscar punições a autoridades, como Moraes, por uma suposta "perseguição" da Justiça contra sua família, como diz. Na última semana, o presidente americano Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, indicando a situação jurídica de Jair Bolsonaro como uma das razões.
Para Moraes, o ex-presidente praticou coação, obstrução e atentado à soberania nacional. As condutas dos dois caracterizam, segundo o ministro, "claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões da prática dos atos criminosos".
A decisão de Moraes destacou ainda um trecho da investigação da PF, que acusou Jair e Eduardo de atuarem “dolosa e conscientemente de forma ilícita” e “com a finalidade de tentar submeter o funcionamento do Supremo Tribunal Federal ao crivo de outro Estado estrangeiro, por meio de atos hostis derivados de negociações espúrias e criminosas com patente obstrução à Justiça e clara finalidade de coagir essa Corte".
Além dos mandados de busca e apreensão, o ex-presidente foi alvo de medidas cautelares. Ele terá que usar tornozeleira eletrônica e não poderá acessar suas redes sociais. Bolsonaro não poderá sair de casa entre 19h e 6h, e em nenhum horário em fins de semana e feriados. O ex-presidente mora no bairro Jardim Botânico, localizado a cerca de 20 minutos do centro do Brasília.
As cautelares ainda proíbem o ex-presidente de se aproximar de embaixadas ou de manter contato com embaixadores ou diplomatas estrangeiros. Outra medida restritiva o impede de se comunicar com outros réus e investigados pelo STF.