BRASÍLIA - Advogados de Jair Bolsonaro (PL) criticaram a operação da Polícia Federal (PF) e a aplicação de medidas cautelares contra o ex-presidente por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles classificaram a imposição das punições como uma "circunstância inédita no direito brasileiro", indicaram em nota emitida nesta sexta-feira (18/7) à noite.

"As graves medidas cautelares foram impostas em função de atos praticados por terceiros", argumentam os advogados. "As frases destacadas como atentatórias à soberania nacional jamais foram ditas por Bolsonaro. E não parece justo ou mesmo razoável que o envio de dinheiro para seu filho, noras e netos possa constituir motivo para impor medidas cautelares como estas", continuam.

O documento é assinado por Paulo Cunha Bueno e Celso Vilardi, que defendem Bolsonaro nas ações que correm contra ele no Supremo, entre elas o inquérito do golpe. As sanções aplicadas nesta sexta-feira são oriundas da ação penal que investiga a atuação do filho do ex-presidente, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos.

A articulação política do núcleo de Bolsonaro em território norte-americano contribuiu para o tarifaço de Donald Trump. O presidente aplicou uma sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros enviados para o mercado dos Estados Unidos, e a tarifa começará a valer, a princípio, em 1º de agosto. A investigação analisa se Eduardo Bolsonaro atua contra a soberania brasileira.

No despacho que impôs a Jair Bolsonaro o uso de tornozeleira eletrônica, o ministro Alexandre de Moraes aponta que há risco de fuga do ex-presidente para os Estados Unidos. Os defensores descartam essa possibilidade. "Chama a atenção o fato de que, apesar de determinar o recolhimento noturno e o uso de tornozeleira, a decisão do Supremo Tribunal Federal não utilize como seu fundamento qualquer indício que possa apontar um risco de fuga", contestam.