BRASÍLIA – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) mandou recados a aliados por meio das redes sociais às vésperas do julgamento do pai por suposta tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parlamentar reclamou de outros nomes da direita que já se colocam como candidatos à corrida presidencial em 2026. 

Ele não citou nomes, mas os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, fizeram eventos de lançamentos de pré-candidaturas. Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem se comportado cada vez mais como candidato em eventos públicos e privados. 

“Há uma curiosidade no ar: quanto mais próximo do julgamento do meu pai, mais pessoas têm falado sobre substituí-lo na corrida presidencial. E, de maneira descarada, essas mesmas pessoas ainda dizem que é para o bem de Bolsonaro, porque o apoiam. Se houver necessidade de substituir JB, isso não será feito pela força nem com base em chantagem”, escreveu Eduardo na rede social X na terça-feira (26/8).

Eduardo se mudou para os Estados Unidos em março em busca de sanções contra autoridades brasileiras junto ao governo de Donald Trump. Ainda na publicação no X, ele disse que as estratégias para salvar o pai de uma possível condenação precisam passar por ele. 

“Acho que já deixei claro que não me submeto a chantagens. Qualquer decisão política será tomada por nós. Não adianta vir com o papo de ‘única salvação’, porque não iremos nos submeter. Não há ganho estratégico em fazer esse anúncio agora, a poucos dias do seu injusto julgamento”, ressaltou o deputado.

“O julgamento é a faca no pescoço de JB, é o ‘meio de pressão eficaz’ para forçar Bolsonaro a tomar uma decisão da qual não possa mais voltar atrás. Quem compactua com essa nojeira pode repetir mil vezes que é pró-Bolsonaro, mas não será percebido como apoiador e muito menos como merecedor dos votos bolsonaristas”, prosseguiu.

“São com atitudes – e não com palavras – que mostramos quem somos. Antes de mais nada, caminhar com Bolsonaro significa ter princípios, coerência e valores. Aviso desde já, para depois não virem com a ladainha de que eu estou desunindo a direita ou sendo radical: na base da chantagem vocês não irão levar nada”, concluiu Eduardo.

Jair Bolsonaro, que foi presidente de 2019 a 2022, e mais sete aliados, terão o futuro definido pelos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de 2 de setembro. Além do ex-presidente, estarão no banco dos réus ex-ministros de sua gestão e militares de alta patente. Eles integram o que a Procuradoria-Geral da República (PGR) classifica como “núcleo 1” da suposta trama golpista.