BRASÍLIA - A uma semana do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes voltou a defender o também ministro Alexandre de Moraes após rumores de um desconforto dentro da Corte. O decano do STF disse, nesta quarta-feira (27/8), apoiá-lo de maneira “inquestionável”.  

Para Gilmar, a história fará “justiça” a Moraes. “Acho que o Brasil deve muito ao ministro Alexandre de Moraes. Sou plenamente solidário ao ministro Alexandre de Moraes. Acho que, se estamos aqui hoje, em um ambiente democrático, devemos muito ao ministro Alexandre de Moraes”, acrescentou, após participar de um seminário do Grupo Lide, em Brasília (DF).

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a decisão monocrática de Moraes de colocar Bolsonaro em prisão domiciliar teria irritado ministros tanto da Primeira Turma, onde corre o julgamento do ex-presidente por suposta tentativa de golpe de Estado, quanto da Segunda Turma. A prisão domiciliar teria sido enxergada pelos pares como exagerada. 

Relator da ação penal em que Bolsonaro é réu, Moraes ainda foi enquadrado sob a Lei Magnitsky pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O dispositivo, criado para punir pessoas acusadas de violar direitos humanos, bloqueou os bens e as contas bancárias do ministro sob a jurisdição do país norte-americano.

Além de manifestar solidariedade a Moraes, Gilmar criticou a exigência de Trump de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interrompa o julgamento de Bolsonaro no STF. “Claro que isso é todo impróprio. (...) Como seria impróprio que nós exigíssemos nas negociações que fossem reveladas as pessoas que estejam no Epstein ‘files’ (arquivos) nos Estados Unidos”, apontou.            

Jeffrey Epstein (1953-2019) foi um financista norte-americano acusado de comandar uma rede de tráfico sexual de menores de idade nos Estados Unidos. Em maio, o Wall Street Journal informou que Trump teria sido comunicado que estava em uma relação do Departamento de Justiça de pessoas envolvidas com a rede de tráfico sexual. O presidente, contudo, negou.