BRASÍLIA – O Tribunal Superior do Trabalho (TST) passará a ser comandado, a partir do próximo mês, por três magistrados nascidos em Minas Gerais.

A composição inédita concentra em Minas a presidência, a vice-presidência e a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho. É a primeira vez na história do tribunal, fundado em 1946 e composto por 27 ministros, que os três principais representantes são do mesmo estado natal.

O novo presidente será Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, atualmente corregedor-geral. Guilherme Augusto Caputo Bastos assumirá a vice-presidência, enquanto José Roberto Freire Pimenta ficará responsável pela Corregedoria-Geral. Juntos, eles terão a missão de conduzir a mais alta instância da Justiça do Trabalho em um período de debates intensos sobre relações laborais, reforma sindical e fortalecimento institucional.

A nova cúpula foi escolhida nessa segunda-feira (4/8), em eleição interna da Corte, e tomará posse em 25 de setembro, em Brasília. O atual presidente, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, se aposentará em outubro. 

A escolha é vista como uma sinalização de continuidade na atuação técnica e na valorização da experiência de magistrados de carreira, já que os três têm longos históricos na Justiça do Trabalho e em órgãos estratégicos da área.

Vieira de Mello Filho

Natural de Belo Horizonte (MG), construiu sua trajetória na magistratura trabalhista ao longo de quase quatro décadas. Formado em Direito pela UFMG, ingressou na carreira em 1987, em segundo lugar no concurso para juiz substituto do TRT da 3ª Região. Passou por João Monlevade, Uberaba, Ouro Preto e Belo Horizonte antes de ser promovido, por merecimento, a desembargador em 1998, sendo convocado ao TST em diversas ocasiões. 

Fora dos julgamentos, atuou como diretor e vice-diretor de escolas judiciais, integrou comissões de concursos e participou de discussões sobre reforma trabalhista e sindical no início dos anos 2000. Tornou-se ministro do TST em 2006, ocupando funções de destaque, como vice-presidente da Corte (2020–2022) e representante no CNJ (2021–2023). Atualmente, exerce o cargo de corregedor-geral para o biênio 2024–2026.

Caputo Bastos

Natural de Juiz de Fora (MG), construiu uma carreira que cruza economia, direito e esportes. Formado em Ciências Econômicas e Direito, com pós-graduação no Brasil e na Espanha e doutorado em Direito Desportivo, iniciou no serviço público como servidor concursado e chegou à magistratura trabalhista em 1989. 

Atuou em Mato Grosso, onde presidiu o TRT da 23ª Região, e foi convocado para o TST antes de tomar posse como ministro, em 2007. Fundador de academias jurídicas e detentor da Ordem do Mérito Desportivo, é referência no direito desportivo e portuário. Em 2022, comandou a Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho.

José Roberto Pimenta

Mineiro de São Sebastião do Paraíso, chega à Corregedoria-Geral com um currículo que une rigor acadêmico e experiência prática. Primeiro lugar no vestibular e melhor aluno de sua turma na UFMG, atuou como advogado sindical e procurador do Estado antes de ingressar na magistratura, também como primeiro colocado. 

Passou mais de duas décadas julgando causas trabalhistas em Minas, ganhando fama de estudioso detalhista e voz firme nas decisões. No TST desde 2010, presidiu turmas, integrou comissões estratégicas e atuou no combate ao trabalho escravo. Fora dos autos, mantém perfil discreto, mas é reconhecido como articulador respeitado por colegas.