Aliados do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), repercutiram nesta quinta-feira (8) a operação da Polícia Federal (PF) que investiga uma organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli, que foi designado como interventor federal em meio aos tumultos ocorridos em 8 de janeiro, os quais resultaram na invasão e depredação dos edifícios dos Três Poderes em Brasília, manifestou seus parabéns pelo trabalho realizado pela Polícia Federal.

"Não foi um passeio no parque. Parabéns à Polícia Federal que conduz de forma técnica as investigações sobre a tentativa de golpe no Brasil. Perseguiram de forma implacável o objetivo de destruir a democracia e agora se dizem perseguidos. Acertarão suas contas com a Justiça".

Já a presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, declarou em uma rede social que "Jair Bolsonaro comandou uma tentativa de golpe contra Lula e contra a democracia, em articulação com seus cúmplices civis e militares, inclusive ex-ministros e altas patentes".

Por outro lado, os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro saíram em sua defesa. O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice-presidente da República durante a gestão Bolsonaro, manifestou-se em uma rede social, afirmando que os "inquéritos eternos buscam 'pelo em ovo', atacando, sob a justificativa de uma pretensa tentativa de golpe de estado, a honra e a integridade de chefes militares que dedicaram toda uma vida ao Brasil".

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho 03 do ex-presidente, também criticou a operação da Polícia Federal , afirmando que "a política do Brasil hoje é feita no Supremo Tribunal Federal". 

Apesar das investigações em andamento pela PF contra seu marido, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro optou por viajar para os Estados Unidos e publicou o versículo 17 do capítulo um do livro de Timóteo. "Ao Rei eterno, o Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém".

Já o deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) afirmou que a investigação é uma tentativa de desarticular o Partido Liberal. "Quero estar errado, mas percebo que há sim, uma força tarefa, com uma única missão: destruir o maior partido de oposição do Brasil, o PL, usando a narrativa estapafúrdia de um tal 'golpe', sem armas, atribuído a um ex-presidente que estava fora do país".

Entenda a investigação da PF

Investigações da PF indicam que o plano de golpe de Estado incluía a prisão de autoridades como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado. As articulações aconteceram em 2022, em meio à derrota eleitoral de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A informação consta em detalhamento feito pelo procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, enviada a Moraes e que embasou operação contra o ex-presidente e seu entorno nesta quinta-feira. Um documento nesse sentido, conhecido como “minuta do golpe” teria sido entregue a Bolsonaro por seu então assessor Filipe Martins, que "atuou na ala radical do governo", segundo Gonet.

"Conforme os elementos coligidos, em novembro de 2022, Filipe Martins entregou ao ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, um documento que detalhava 'considerandos' a respeito de supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e, ao final, decretava a prisão de diversas autoridades, entre elas os Ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco", diz.

Uma minuta de golpe de Estado, então, foi lida por Bolsonaro, que determinou mudanças no texto. Filipe retornou ao ex-presidente alguns dias depois com as alterações no documento. Depois disso, Bolsonaro apresentou a minuta aos comandantes das Forças Armadas, na intenção de "pressioná-los a aderir ao golpe de Estado".