O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, descartou que haverá aumento na conta de energia elétrica dos brasileiros em consequência da onda de calor que vive o país. Segundo ele, não há possibilidade, atualmente, de bandeira vermelha, com cobrança de uma taxa extra. "O aumento na conta por geração de energia é completamente descartado", prometeu Alexandre Silveira, nesta segunda-feira (20), pela manhã, na redação de O TEMPO, logo após participar do Café com Política, da FM O TEMPO 91,7.
Nos últimos dias, diversas cidades do Brasil sofreram com as elevadas temperaturas, o que aumentou muito o consumo de energia elétrica. No Rio de Janeiro, por exemplo, a sensação térmica em alguns momentos chegou a quase 60 graus. Segundo o ministro, em uma semana, houve 25% de aumento da necessidade de carga no Brasil. Ele explicou que hoje são necessários 82 Giga Watts, em média, por dia. Esse valor chegou a 105 Giga Watts na última semana. "Mas não tivemos nenhum problema no sistema. Nós robustecemos muito o sistema, estamos ampliando ainda mais e modernizando o nosso planejamento, através do CMSE - o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico", afirmou.
A bandeira tarifária é uma taxa extra que pode ser cobrada na conta de energia de todos brasileiros, quando, por exemplo, as termelétricas precisam ser acionadas para complementar a oferta de energia.
Entretanto, o ministro mineiro disse que o governo federal está completamente seguro de que vive um bom momento da produção de energia no país. "Em especial as energias limpas e renováveis no Brasil, que têm nos dado uma estabilidade muito grande. Tanto é que isso nos permitiu estar com os reservatórios ainda em níveis muito confortáveis (mesmo com a onda de calor)."
Alexandre Silveira fez questão de explicar como funcionam as possibilidades de aumento da conta do consumidor. "Nós temos dois tipos de aumento. O aumento regulatório, que acontece quando as empresas estaduais de energia fazem os investimentos. Elas apresentam esses investimentos para a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a Aneel confere esses investimentos, captura esses investimentos e repassa ao consumidor. Esse é um aumento natural, um aumento legal", disse.
A outra possibilidade, segundo ele, ocorre quando há um planejamento falho, uma dificuldade hídrica do setor elétrico. "Aí, você tem que acionar a bandeira vermelha. Graças a Deus, nós não tivemos a bandeira vermelha este ano. Tivemos muito cuidado em equilibrar a segurança energética com motricidade tarifária. Passamos o ano todo com bandeira verde. Não temos perspectiva a princípio da bandeira vermelha", afirmou.
O ministro complementou ainda que haverá um esforço para se trabalhar com a bandeira verde porque o preço da energia impacta fortemente a inflação e deprime a economia. "Nós queremos exatamente o contrário. Queremos acelerar a economia, minimizar os impactos da inflação, manter o dólar estável, para que o Banco Central se sensibilize, diminua os juros. E aí, a gente possa ter um círculo virtuoso investimentos, de geração de emprego e renda, como forma sólida de combater a desiguladade."
Termelétricas
No dia 17 de novembro, O TEMPO publicou uma matéria dizendo que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tomou uma série de medidas emergenciais para suprir a alta demanda de energia em todo o país por causa da onda de calor. O pacote inclui o acionamento de usinas térmicas, de termelétricas a carvão, a gás e a diesel, além de importação de energia de países vizinhos, como Uruguai e Argentina.
Geralmente, as usinas térmicas são acionadas no Brasil quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos, o que não é o caso agora. A questão no momento é o alto consumo de energia, que bateu recordes por dois dias seguidos. Nos primeiros dias de novembro, a alta no consumo chegou a 16,8%. A expectativa é que, em todo este mês, o consumo aumente 11% em relação a novembro de 2022.
As altas temperaturas em várias cidades brasileiras levaram a um novo recorde no consumo de energia na tarde de terça-feira (14), quando, às 14h20, o Sistema Interligado Nacional (SIN) atingiu 101.475 MW. Na segunda (13), às 14h17, o consumo ultrapassou pela primeira vez os 100 mil MW, chegando a 100.955 MW. A maior marca até então era de 97.659 MW, registrada em 26 de setembro. (Com Renato Alves)