A inteligência artificial está sendo utilizada para impedir fraudes e erros em processos de licitação feitos pelo poder público em Minas Gerais. Dois robôs, apelidados de Alice e Solaris, estão sendo utilizados pelo Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) e evitaram, só entre abril e julho, o gasto de aproximadamente R$ 1 bilhão em disputas que apresentavam algum tipo de irregularidades.

O robô Solaris, criado exclusivamente para atender as demandas do Tribunal de Contas, conseguiu evitar mais de R$ 627 milhões em licitações irregulares. Já o Alice,  robô criado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e utilizado pelo TCE mineiro, conseguiu impedir mais de R$ 400 milhões em irregularidades. 

Juntos, os dois robôs conseguiram rastrear mais de 10 mil licitações e selecionar cerca de 1.500 com possibilidade de erro. Após a análise dos auditores do TCE, foram confirmadas 159 irregularidades em 115 municípios mineiros.

O Diretor da Central de Inteligência do TCE-MG, Henrique Quites, afirmou que sem a utilização dos robôs seria humanamente impossível verificar todas as licitações feitas no Estado. “Todos os jurisdicionados do Tribunal - prefeituras, Câmaras, Estado, consórcios, fundações e empresas públicas - todos licitam diariamente para fazer requisições, sejam ordinárias ou de maior valor. Seria humanamente impossível fazer uma avaliação desses milhares de editais, os diários oficiais, em busca de irregularidades”, afirma.

 O filtro final é sempre humano, mas uma das vantagens destacadas pelo diretor é que os robôs são capazes de aprender e aprimorar os filtros à medida em que realizam as buscas,  tornando a fiscalização do TCE mais eficaz.

Henrique Quites afirma que os robôs são programados com padrões e conseguem fazer um filtro em todos os editais publicados de uma forma muito rápida. “Sem os robôs, dependeremos do controle social, de denúncias de irregularidades. Com eles conseguimos ser proativos. É uma forma de ir além”, destaca.

Os detalhes sobre os filtros não são revelados, inclusive para evitar que fraudadores criem estratégias de driblar a fiscalização. “O robô Alice, do TCU, já vem com uma configuração, a gente faz uma adaptação.O nosso, Solaris, já é feito de acordo com nossas necessidades. Mas ambos incluem algumas coisas que são do conhecimento de todos, como restrições indevidas, exigências absurdas que limitam a competição para apenas um fornecedor. São um aperfeiçoamento das contas públicas que a gente busca com essas ferramentas”, destaca.

O diretor explica que não se trata apenas de identificar crimes, mas também erros que poderiam trazer prejuízos à administração pública. “É uma forma de economia direta e indireta e os municípios têm respondido a tempo e alterado os editais antes da conclusão das licitações”, lembra.