O vereador Wesley (Pros) apresentou um Projeto de Resolução para derrubar o decreto 17.856, assinado por Alexandre Kalil (PSD), que adia o retorno às aulas das crianças entre 5 e 11 anos em BH. 

Com a alteração no regimento interno da Câmara de BH no ano passado, esse tipo de projeto precisa ser analisado por uma comissão especial de cinco vereadores. Depois, segue para votação em plenário. 

Antes da mudança do regimento, esse processo poderia demorar até oito meses. Isso porque quatro comissões analisavam o texto, sendo que cada uma poderia travar a pauta por até dois meses. 

"O projeto foi protocolado hoje. Daqui a dois dias, já vai ter número e tudo certinho. Vou procurar a presidente da Câmara (Nely Aquino, do Podemos) para criar a comissão. É um processo bem rápido", diz o vereador Wesley, autor do projeto. 

Segundo Wesley, há apoio suficiente dos vereadores à questão para derrubar o decreto. "A gente percebeu que realmente há um número grande de vereadores que discordam dessa incoerência do prefeito Alexandre Kalil. Abrir a cidade toda, liberar eventos e futebol, liberar tudo, e escola, mais uma vez, ele fecha", afirma. 

O vereador diz que vai se reunir com líderes partidários nesta terça (1º/2), durante a primeira sessão plenária do ano. O objetivo é angariar apoio para que a tramitação do projeto avance de maneira célere, já que a medida de Kalil dura até 13 de fevereiro. 

A medida anunciada pela prefeitura se baseou em uma estratégia para ampliar a vacinação das crianças entre 5 e 11, público-alvo da campanha no momento. 

Em nota, a prefeitura informou que "não comenta projetos em tramitação". 

Vereadores questionam efetividade do texto

Em entrevista ao Super N 2ª Edição, da Rádio Super, o vereador Gabriel Azevedo (sem partido) comentou sobre o projeto que tenta derrubar o decreto de Kalil. 

"Com o meu cálculo de datas na Câmara Municipal, acho complexo ele ser aprovado no vigor da medida", disse Gabriel.

Ele também se posicionou contra o adiamento das aulas. Para o vereador, o ideal seria cobrar o comprovante de vacinação dos pais das crianças entre 5 e 11 anos.

A também vereadora Bella Gonçalves (Psol) disse que a proposta do vereador Wesley "não tem muita efetividade". 

"As escolas vão retornar antes mesmo que esse projeto de resolução tenha tempo hábil de ser votado e aprovado. É mais para tentar construir um ponto de oposição ao Kalil a partir da pauta negacionista", opina.

Para o vereador Bruno Miranda (PDT), a proposta também "tem muito pouco efeito prático". "Por mais que hoje a tramitação tenha um prazo encurtado ao que já teve no passado, acho que muito efeito prático vai surtir. Eu acho que é muito mais no sentido de marcar território no campo político", analisa.

Por outro lado, a vereadora Marcela Trópia (Novo) vê "com bons olhos" o projeto. "É uma sinalização clara da Câmara Municipal contra os desmandos do prefeito Alexandre Kalil. Não foi uma semana de adiamento do retorno presencial, a gente está falando de 404 dias de escolas fechadas durante a pandemia", pontua.