Articulação

Zema segue sem líder de governo na ALMG e ausência é segunda maior desde 1980

A liderança do governo no Parlamento mineiro está vaga há 29 dias, desde que o deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB) deixou o cargo em meio a uma crise política

Por Sávio Gabriel
Publicado em 14 de abril de 2020 | 08:00
 
 
 
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A base do governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas (ALMG) está sem líder há exatos 29 dias. Esse já é o segundo maior período que um bloco governista ficou oficialmente sem liderança na Casa desde 1980. A ausência atual só perde para o fim do governo de Fernando Pimentel (PT), em 2018, quando o então deputado Durval Ângelo (PT) renunciou ao mandato para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas (TCE). Na ocasião, a base ficou seis meses sem indicação formal de um novo líder, com atuação apenas dos vice-líderes do bloco.

As informações foram repassadas pela ALMG à reportagem de O TEMPO, após ser questionada. Zema está sem líder de governo na Casa desde que Luiz Humberto Carneiro (PSDB) deixou o posto, em 17 de março, como consequência de uma crise política vivida pelo Executivo. A queda ocorreu após o governo ter recuado no acordo para a recomposição salarial da segurança pública – o Palácio Tiradentes vetou os reajustes para os anos de 2021 e 2022, diferentemente do que havia sido acertado. Além do tucano, Zema também perdeu também o secretário de governo, Bilac Pinto (DEM), que havia costurado o acordo e decidiu entregar o cargo.

Apesar do tempo sem uma liderança oficial na Casa, o governo oficialmente ainda não bateu o martelo sobre quem vai ocupar o posto. O tema preocupa, mas não é tratado com urgência pelo Palácio Tiradentes. “De fato, essa é uma pauta que temos que dar uma solução a ela. Enxergo que a principal função do líder de governo é justamente caminhar com articulações na Casa, e como as pautas (do governo) estão caminhando de forma mais lenta dada a situação do coronavírus, isso ainda está sendo costurado e pensado, mas não está em caráter de urgência”, explicou o secretário de governo Igor Eto (Novo).

O secretário disse que percebe uma boa vontade dos parlamentares em se reaproximar do governo – o primeiro ano de gestão de Zema foi marcado por duras críticas, inclusive da base, sobre a falta de articulação política com a Casa. “Alguns deputados eu não conhecia. Tive uma conversa com todos os blocos. Estamos caminhando com calma e fatalmente vai sair o nome (para a liderança)”.

Conforme antecipou O TEMPO no mês passado, a estratégia do governo é ampliar a base na Casa. Naturalmente, o caminho percorrido será entre os dois blocos independentes do Parlamento que, juntos, somam 44 parlamentares. “Tem que ficar claro, nesse momento, que o governo tem pautas importantes para aprovar na Assembleia. E um bloco só não é suficiente. Isso quer dizer que (o líder) vai vir dos dois blocos independentes? Não necessariamente”, ponderou Eto, afirmando que tem ouvido a demanda dos deputados para estreitar o diálogo. “A prioridade não é decidir quem será o líder, mas aumentar a base de apoio”, reforçou.

O funcionamento remoto da ALMG devido à pandemia de coronavírus – as sessões têm acontecido sem a presença dos deputados no plenário – e o natural afastamento dos parlamentares também interferem na questão, segundo informações de bastidores. A equipe de Zema avalia que isso naturalmente esvazia o papel político de um líder de governo, devido ao pouco contato entre os deputados. Nesse cenário, toda a centralização das articulações têm sido realizada com o presidente da ALMG, Agostinho Patrus (PV), que vem mantendo diálogo frequente com a equipe de governo até mesmo em virtude das pautas envolvendo o combate à pandemia.

Outra avaliação interna é que escolher um nome no atual momento pode trazer um desgaste político entre os demais parlamentares. Com isso, o entendimento dentro da equipe do governo é de que é mais proveitoso continuar com os diálogos do que já bater o martelo, provocando, assim, o afastamento de parlamentares que também tinham interesse em ocupar a liderança de governo na Casa. “Escolher um é deixar de escolher 76”, resumiu uma fonte governista.

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