O entorno do estádio Independência, no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte, amanheceu pintado de azul neste domingo (7). Fumaça, camisas, bandeiras... tudo tomou conta das ruas Pitangui e Ismênia Tunes, que circundam o estádio, para um momento histórico. A torcida do Cruzeiro fez festa no local para receber e apoiar as jogadoras do time feminino para a primeira final de Campeonato Brasileiro da história do time.

A empolgação era latente e se traduzia em cantos, batuques e gritos de guerra. O ápice da recepção veio com a chegada do ônibus das Cabulosas, por volta de 8h45. As jogadoras, literalmente, desceram do veículo no meio do povo, ao ritmo da música “Bela Cigana”, um dos hinos da China Azul. Assista abaixo:

No meio da festa, uma família vinda de Raposos, região metropolitana de Belo Horizonte, filmava a festa e cantava, enquanto esperava o momento de entrar para o estádio e tomar seu lugar nas arquibancadas. A analista de projetos Jenifer Isabelle de Oliveira Souza, de 31 anos, não esconde a felicidade de ver onde o Cruzeiro Feminino chegou.

“É muito gratificante, eu fico muito feliz de ver onde o time chegou, é um time que veio se reestruturando ao longo dos anos, batalhou bastante pra chegar até aqui. Está sendo lindo, tem a torcida que está fazendo festa, está abraçando e é um ambiente que a gente pode trazer a família”, comenta. A torcedora também se alegra com a maneira que a torcida azul abraçou o time feminino e entende que este é mais um passo para uma valorização cada vez maior do futebol feminino em Minas Gerais.

“Acho que o melhor de tudo é justamente isso, ver a torcida vibrando, vendo famílias, amigos, todo mundo junto em prol do time feminino. O futebol feminino, a gente sabe, hoje no Brasil ele existe, mas ainda é um pouco apagado, esquecido, às vezes não tem nem mesmo investimento pelos próprios times, e a gente viu que essa realidade mudou no Cruzeiro. Tem mudado de uns anos para cá, e a torcida é a parte mais importante de tudo isso, porque é a torcida que empurra o time, que leva o time para frente, e a gente junto com ela vamos conseguir as vitórias”, aposta.

E não é a primeira vez que a família de Jenifer deixa Raposos para ir ao Independência acompanhar as Cabulosas. O técnico em mineração Gelmo Batista de Oliveira, de 42 anos, conta que a família também pegou estrada para assistir ao duelo contra o Palmeiras, no último domingo (31 de agosto), que garantiu a vaga na decisão. O torcedor entende que é importante dar um apoio cada vez maior ao time feminino.

“Sempre que possível, quando é permitido, com relação a horários de trabalho e as demandas de outros membros da família, a gente sempre está acompanhando. O time mandava jogos em Nova Lima, no Castor Cifuentes, no estádio do Vila Nova, e sempre que possível a gente acompanhava. E agora se tratando de fases onde o Cruzeiro está propício, e é o que a gente espera, e vai acontecer, de ter esse título inédito. A gente está apoiando, vindo de caravana mesmo, com a família e amigos para dar esse apoio às meninas, que é tão merecido”, afirma.

E o adversário?

O oponente das Cabulosas na decisão é o Corinthians, maior campeão do torneio, com seis troféus, e uma pedra no sapato do Cruzeiro. Porém Gelmo mostra confiança em uma virada de chave a partir deste domingo para conquistar a taça.

“O Cruzeiro neste ano está diferente, está consistente, tem jogadoras acostumadas a ganhar também, além das que já estavam aqui. Estou bastante confiante e se a gente sair com um placar bacana hoje aqui, eu acho que lá em São Paulo a gente garante esse título”, projeta.

Jenifer Isabelle também acredita no título e arrisca um placar para o duelo de ida, em BH. “A gente não está com medo, a gente está animada. Vamos fazer um bom jogo aqui, fazer um bom jogo em São Paulo, semana que vem. A gente, literalmente, está aqui para fazer história. Teremos dois gols do Cruzeiro, um da Marília e um outro da Letícia. Dois a zero”, crava.