As imagens de câmeras de vigilância do condomínio Canto da Siriema em Jaboticatubas, na Região Metropolitana de BH, ajudaram a Polícia Civil a esclarecer o assassinato de Agostinho Dias de Assis, de 66 anos. As gravações, divulgadas nesta terça-feira (8 de julho) mostram que o suspeito do crime identificado como Ademir, de 38 anos, além de matar o companheiro, também ocultou o cadáver da vítima.
As investigações da polícia apontam que dias após matar o companheiro, ele voltou ao local duas vezes para verificar se o cadáver permanecia escondido. O comportamento chamou a atenção de moradores e funcionários do condomínio, que registraram atitudes suspeitas do autor, inclusive a troca de calçados ao sair do terreno onde o corpo estava enterrado.
O suspeito está preso desde 29 de junho. O delegado José Thomaz de Souza conta que ele confessou ter matado Agostinho. Eles mantinham uma relação próxima e, segundo moradores da região, de natureza afetiva há pelo menos 19 anos. Apesar disso, segundo o próprio depoimento, ele afirmou ter matado Agostinho após uma discussão no dia 10 de maio, motivada por boatos sobre um suposto envolvimento homoafetivo entre os dois.
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A briga teria começado após o idoso questionar o comportamento de Ademir, que seria usuário de drogas e estaria cometendo furtos de itens de valor na casa de Agostinho, como eletrodomésticos, para sustentar o vício. O conflito, na versão do suspeito, terminou com o estrangulamento de Agostinho, cujo corpo foi escondido logo em seguida.
Suspeitas de vizinhos
De acordo com as investigações, Ademir arrastou a vítima até o terreno ao lado da residência onde ambos viviam - que estava em boras - e a enterrou onde futuramente seria construído o contrapiso da casa.
Nos dias seguintes, ele retornou ao local pelo menos duas vezes, chamando atenção de funcionários do condomínio por um comportamento incomum: chegou pela madrugada e voltou às 10h da manhã, entrando de chinelo e saindo de botas.
Os vizinhos também perceberam o sumiço da vítima, que tinha uma boa relação com todos, e, no dia 15 de maio, o forte cheiro vindo do corpo em decomposição fez com que eles acionassem a Polícia Militar.
A Delegacia de Polícia Civil de Jaboticatubas concluiu o inquérito sobre o homicídio qualificado de Agostinho Dias de Assis, de 66 anos, cujo corpo foi encontrado no dia 30 de maio de 2025, enterrado em uma cova rasa de apenas 30 centímetros, no terreno de uma casa em construção… pic.twitter.com/ezfvH56CbY
— O Tempo (@otempo) July 8, 2025
Ademir, então, temendo por sua segurança, apresentou-se espontaneamente no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Belo Horizonte no dia 1º de junho, onde confessou o crime com riqueza de detalhes.
A Polícia Civil representou pela prisão preventiva no dia 25 de junho, que foi efetivada no dia 29, após a localização de Ademir internado em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), na região Nordeste da capital, por uma provável overdose.
Histórico de dependência química
Durante as investigações conduzidas pelo delegado José Tomaz de Souza Júnior, titular da Delegacia Regional de Santa Luzia, testemunhas relataram que Agostinho protegia Ademir, chegando a solicitar que ele fosse contratado para trabalhar no condomínio - pedido que foi negado em razão do histórico de dependência química do suspeito. Ademir, que também era casado com uma mulher, já possuía passagens por agressão e demonstrava um perfil violento, conforme a polícia.
A Polícia Civil indiciou Ademir por homicídio qualificado com ocultação de cadáver. A motivação do crime foi atribuída à dependência química do autor, possivelmente de crack, e ao receio de perder o apoio financeiro de Agostinho.