A ideia de realizar lives na quarentena, como forma de passar o tempo e cumprir as determinações do distanciamento social, se transformou em iniciativas que caminham para além de simples bate-papos. Integrante da seleção brasileira de escalada esportiva, a mineira Patrícia Antunes realiza, nesta sexta-feira, às 18h30, mais uma transmissão, agora com um maior número de convidadas. Desta vez, o local de encontro será a página da atleta no Youtube. A ideia veio depois de convite da marca Fila, patrocinadora da atleta, para que ela aderisse à campanha 'Change the game'.

A ideia da live é falar sobre o universo feminino dentro da modalidade, que ainda é majoritariamente ocupada por homens. "A escalada de boulder, por exemplo, é algo que precisa ter alguém próximo o tempo todo. Já vivenciei situações de homens aproveitarem isso para contatos indevidos com a cintura, quadril. É algo que acontece com alguma frequência, a mulher acaba sendo sexualizada neste ambiente e a conversa será em torno destas situações", indica. 

O incômodo que as escaladoras sentem é bem parecido com o que acontece com outras mulheres, não só no esporte como em outros ambientes, em que o machismo predomina e acaba tirando o mérito e esforço de quem só quer ser reconhecida e respeitada. "Muitos tentam tirar o valor quando completamos alguma via, afirmando que só a completamos porque nossas mãos são pequenas ou porque elas não eram tão difíceis assim. Queremos abrir esse leque para outras áreas também", indica Patrícia. 

Entre as convidadas, mulheres com longa trajetória na escalada e com muitos assuntos e experiência para compartilhar, como Thais Makino, Luana Riscado, Jordana Agapito, Ana Luisa Shiraiwa, Alyne Bocalini e Glauce Ibraim. Glauce é do Rio de Janeiro e uma das poucas escaladoras negras no país, trazendo para o debate a questão do racismo, que tem ganhado ainda mais força nas últimas semanas.