O Corpo de Bombeiros retomou, no começo da manhã deste domingo (29 de dezembro), as buscas por uma possível quarta vítima nos escombros de uma casa que desabou nesse sábado (28 de dezembro) no bairro Paraíso, região Leste de Belo Horizonte. Três idosas morreram na tragédia e tiveram os corpos retirados ainda nesse sábado.
No fim da tarde, o tenente Marco Moura, do Corpo de Bombeiros, informou que as buscas foram interrompidas devido à chuva e, também, por conta do anoitecer, o que não permitiria que os trabalhos continuassem com segurança. "A gente não descartou ainda a existência de uma quarta vítima. Tudo indica que não há, a gente passou com os cães novamente, fez mais um trabalho de rompimento do material para fazer uma busca em profundidade. Mas vamos retomar amanhã (hoje) pela manhã, logo cedo, para uma última busca", informou o militar.
Até a tarde deste sábado, os militares tinham localizado os corpos de três idosas, com idades aproximadas de 60, 70 e 80 anos. Porém, conforme o relato de moradores, um sobrinho das mulheres de cerca de 36 anos teria sido visto no imóvel instantes antes do desabamento. Com base nessa informação os bombeiros continuam as buscas no local.
Casas isoladas
Já no final da noite de sábado, a Defesa Civil de Belo Horizonte informou que fez o isolamento de outras três casas localizadas no entorno do imóvel que desabou. A decisão foi tomada após vistoria de risco nos imóveis, localizados na rua Isaura Possidônio. Segundo o órgão municipal, foi verificada a segurança dos imóveis próximos ao local do desabamento, sendo que, além das três casas, também foi isolado o lote onde ficava a casa de dois andares que foi ao chão devido ao risco de "colapso e desabamento de escombros". O número de famílias desalojadas não foi informado pela Defesa Civil.
Em uma das casas vizinhas, localizada no número 180, foi realizado o isolamento da área de serviço, cozinha e copa, localizadas no segundo pavimento, além de um porão que fica no primeiro andar do imóvel. Em outro imóvel, que fica no mesmo terreno do primeiro, foi isolada a área dos fundos e alguns cômodos situados próximos ao talude.
Por fim, a residência localizada no número 35 teve a parte dos fundos isolada devido aos "riscos de deslizamento".
Defesa Civil sabia de danos estruturais desde 2022
Os danos estruturais da casa de dois andares que desabou não eram novidade para a Defesa Civil da capital mineira. O órgão informou que sabia da existência de "trincas, rachaduras e infiltrações antigas", inclusive com "ferragens expostas em lajes, vigas e paredes", desde julho de 2022, quando realizou uma vistoria no imóvel. Apesar da situação, a casa não foi interditada, segundo o órgão municipal, pois não existia "risco iminente de desastre".
A informação de que os problemas foram constatados no dia 16 de julho de 2022, quase 2 anos e meio antes do desabamento, foi divulgada pela própria Defesa Civil de BH, por meio de uma nota. No texto, o órgão informa que a vistoria de risco de imóvel abrangeu "dois imóveis multifamiliares localizados no lote", na rua Isaura Possidônio.
A informação de que os problemas foram constatados no dia 16 de julho de 2022, quase 2 anos e meio antes do desabamento, foi divulgada pela própria Defesa Civil de BH, por meio de uma nota. No texto, o órgão informa que a vistoria de risco de imóvel abrangeu "dois imóveis multifamiliares localizados no lote", na rua Isaura Possidônio.
"No imóvel frontal, com dois pavimentos, foi constatada a ausência de manutenção preventiva. Foram identificadas trincas, rachaduras e infiltrações de longa data. No pavimento superior, verificaram-se infiltrações intensas na laje, deterioração de tijolos e ferragens expostas. Durante a vistoria, a moradora informou a existência de uma antiga cisterna próxima ao imóvel, coincidindo com as áreas de maior comprometimento estrutural", escreveu a Defesa Civil.
Perguntada sobre a possibilidade deste imóvel ter sido interditado após a fiscalização realizada em 2022, a Defesa Civil de Belo Horizonte respondeu que "só retira as pessoas de seus imóveis em risco iminente de desastre". Questionada por O TEMPO sobre quais os critérios para definir a existência de "risco iminente de desastre", o órgão não se posicionou até a publicação desta reportagem.