As famílias que vivem na comunidade do Quéias, no Vale do Ingá, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, devem começar a ser retiradas de casa nesta terça-feira (29/7). A informação foi confirmada pela associação que representa os moradores da região. A medida é necessária devido à elevação para o nível 2 de emergência da barragem B1-A, da Emicon Mineração e Terraplanagem — quando as medidas de segurança não estão sendo adequadamente adotadas pela empresa.
São seis famílias que vivem na região da comunidade. Entre elas, a trabalhadora rural Roseli Aparecida, de 30 anos. Ela afirmou ter recebido visita de uma equipe da Defesa Civil, que a informou sobre a remoção para outra residência, na própria comunidade, mas em um ponto mais alto. “Eles vão pagar o aluguel para a gente, e amanhã, provavelmente, vamos mudar”, contou.
O presidente da associação de moradores, Francisco Chargas, conhecido como Ceará, ressaltou que, apesar de serem seis famílias que vão precisar sair de casa, o “transtorno é para toda a comunidade”, que terá o estilo de vida alterado.
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Nesta segunda-feira, a Defesa Civil de Brumadinho iniciou uma série de treinamentos para a retirada das famílias. Servidores públicos de diversos setores da administração municipal foram convocados para os treinamentos. Um ponto de apoio também está sendo instalado no CRAS Cohab, em Conceição do Itaguá, distrito de Brumadinho.
A reportagem solicitou um posicionamento à Prefeitura de Brumadinho sobre a remoção das famílias e aguarda retorno.
Barragem em alerta
A barragem B1‑A, da Emicon Mineração e Terraplanagem, na comunidade de Quéias, em Brumadinho (MG), foi elevada para nível 2 de emergência pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Esse é o penúltimo nível na escala de alerta (que vai de 1 a 3).
A classificação como nível 2 não indica risco iminente de ruptura, mas exige ações imediatas de segurança, como evacuação da Zona de Autossalvamento (ZAS) — área com tempo insuficiente para resposta em caso de colapso.
A elevação do nível de risco ocorreu devido à falta de entrega de documentos técnicos obrigatórios, como a Declaração de Conformidade e Operacionalidade (DCO) do Plano de Ação de Emergência (PAEBM), sistemas automatizados de alerta e videomonitoramento ausentes ou inadequados.
O Ministério Público aplicou multas diárias de R$ 5 mil, enquanto atua para garantir segurança e apoio às famílias da comunidade, além da apreensão dos passaportes dos sócios da empresa.
A estrutura tem 37 metros de altura (equivalente a um prédio de 12 andares) e 273 metros de extensão de crista, com capacidade de armazenar cerca de 914 mil metros cúbicos de rejeitos — um volume cerca de doze vezes menor do que a da barragem que rompeu em 2019, da Vale.