O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, afirmou em entrevista nesta quinta-feira (4/9) que a intervenção predial em andamento na UTI Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, tem necessidade comprovada e prazo definido. A declaração é uma resposta à sensação de insegurança relatada por servidores, que temem que a unidade não retome o funcionamento e repita o caso do bloco cirúrgico do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL), fechado há cerca de nove meses. Baccheretti, porém, afirmou que isso "não é verdade". 

“Nós não fechamos (a UTI Pediátrica), nós transferimos os leitos para uma reforma necessária. O Hospital João Paulo II é uma instituição com muitos anos de existência, e estamos implementando um novo sistema de gestão hospitalar, com um prontuário eletrônico que precisa ser instalado, inclusive na área da UTI", disse o secretário.

De acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), pelo menos 16 leitos foram transferidos para a UTI do Hospital João XXIII, junto com a equipe de pediatria, no dia 22 de agosto. A reforma tem previsão de duração de 60 dias e as adequações são "estruturais e elétricas". 

Flávio Baccheretti declarou que este é o momento adequado para a reforma, por ser um período de baixa internação pediátrica. Segundo ele, na última semana, a média de leitos vagos por falta de demanda chegou a 12. "A expectativa é que a UTI retorne ao local original com estrutura mais moderna, humanizada, climatizada e com novo sistema instalado. Os servidores podem ficar tranquilos", garantiu.

MPMG acompanha situação do João Paulo II

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou procedimento para investigar o fechamento temporário da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II. A apuração é conduzida pela 19ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde, que solicitou esclarecimentos à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).

“Esse cenário de sucateamento e precarização na Fhemig nos traz a preocupação de que uma obra para melhoria vá para outro caminho depois”, destacou a promotora de Justiça Josely Ramos Pontes, se referindo ao caso do Hospital Maria Amélia Lins (HMAL). No fim do ano passado, a unidade anunciou o fechamento do centro cirúrgico para manutenção, mas o espaço segue fechado há cerca de nove meses, mesmo após a conclusão dos reparos. Hoje, o HMAL está em disputa judicial sobre a terceirização da gestão. 

A Fhemig, por outro lado, afirma que a transferência é temporária e necessária para adequar a UTI do Hospital Infantil ao Tasy, novo sistema eletrônico de gestão de dados assistenciais do SUS. "A instalação exige adaptações na infraestrutura predial e integra um processo de modernização e integração dos fluxos assistenciais, com melhorias significativas na qualidade do atendimento”, justificou a fundação. 

Como fica no João XXIII?  

A UTI Pediátrica do Hospital Pronto-Socorro João XXIII possui 17 leitos, incluindo aqueles que foram abertos para atender melhor os pacientes na sazonalidade das doenças respiratórias. "A UTI Pediátrica do Hospital João XXIII possui estrutura física, equipe especializada e capacidade assistencial para receber todos os pacientes transferidos de forma adequada e segura, sem qualquer prejuízo ao atendimento", afirmou a fundação.  

Referência e mudança para o HoPE

O João Paulo II é o único hospital público exclusivamente infantil de Minas Gerais e referência no tratamento de doenças raras. O atendimento na unidade é estratégico para reduzir picos de infecções, como ocorreu em maio deste ano, quando foram abertos novos leitos durante a emergência em doenças respiratórias. A unidade está incluída no plano do governo de Minas para ser incorporada ao futuro Complexo de Saúde Hospitalar Padre Eustáquio (HoPE), cujo edital de Parceria Público-Privada (PPP) está ativo.