Desrespeito

Espera por atendimento na UPA Norte chega a nove horas e população de BH reclama

Prefeitura alegou que as equipes estão completas e que atendimentos estão sendo realizados; apesar disso, teve gente que se cansou da demora e saiu antes de ver o médico

Por Pedro Nascimento
Publicado em 27 de abril de 2023 | 20:51
 
 
 
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Quem procura por atendimento médico na UPA Norte, localizada no bairro 1º de Maio, em Belo Horizonte, não está nada satisfeito. A demora para ser atendido, em alguns caso, chega a mais de nove horas, o que tem provocado a ira da população que relata o descaso com a saúde pública na capital mineira.

As primeiras reclamações começaram ainda na quarta-feira (26), quando a Cassiane Barreto relatou uma espera além do normal para ser atendida após um quadro de fraqueza e dor no peito. “Eu cheguei na UPA para ser atendida umas 15h40 e só fui atendida pelo médico lá pelas 22h”, conta. Da equipe da que atende no Pronto Socorro, Cassiane conta que ouviu que só havia dois médicos atendendo a população, e por isso a demora. Mas o relato contradiz com o que alega a prefeitura.

Procurada, a PBH respondeu, em nota, que na quarta-feira a UPA Norte contava com equipe médica completa, com 11 médicos para o atendimento da população, entre pediatras, clínicos, ortopedistas e cirurgião. Durante todo o dia, segundo a prefeitura, foram realizados cerca de 335 atendimentos, sendo 265 classificados como casos leves. 

Nesta quinta-feira (27), a reportagem de O Tempo foi até a UPA e constatou o mesmo cenário de lotação e irritação da população por conta da demora. “Eu tô sentindo muita dor de cabeça, vômito e dor no corpo e vim aqui procurar atendimento, mas desde 7h até agora (16h) estou sem ser atendido e fico sem saber se fico ou se vou embora, porque senão vou perder o dia de trabalho”, conta o encanador Fábio Souza.

Relato parecido com o do marceneiro Anderson Romano, que ficou sem almoço enquanto aguardava. “Eu cheguei aqui 9h e e tô com muita dor no alto da barriga, diarréia, dor no estômago o tempo todo e tô sem almoçar até agora porque não sei se saio ou se espero, e tem gente que chegou até mais cedo que eu e ainda não foi atendido. Tá difícil”, descreve.

Com a vendedora Michele dos Santos foi igual: espera interminável e um agravamento das dores que a levaram a buscar atendimento médico. “Eu cheguei era 9h, passei pela triagem às 10h, e tô sentindo muita dor de cabeça, dor no corpo, tô passando mal desde segunda-feira e tive até que deixar o serviço, porque só piora, e até agora não consegui atendimento. Vim ontem e saí sem ser atendida, votei hoje achando que estaria mais vazio, mas não está”, diz Michele.

Ainda na resposta enviada pela prefeitura, a justificativa para tanta demora era de que as unidades de Pronto Atendimento funcionam com classificação de risco, priorizando o atendimento dos pacientes mais graves, o que pode impactar em tempo maior de espera para os pacientes classificados como não urgentes. “É importante esclarecer que todas as pessoas que procuram as UPAs são atendidas”

Não é bem assim

Apesar da resposta da prefeitura, muita gente que procurou a UPA Norte saiu sem ser atendido. A faxineira Jéssica Gomide conta que chegou antes das 8h, mas não deu conta de aguardar. “Eu vim cedo, tava achando que ia ser atendida logo, tô com uma dor no corpo insuportável, até considerando que seja dengue, mas já é 16h e até agora nada. Eu tenho filho, ele não pode ficar sozinho, então estou indo embora passando mal e sem ser atendida”, reclama.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Belo Horizonte possui um plano de contingência que tem como objetivo ofertar uma assistência “oportuna, segura e de qualidade, de forma a evitar a ocorrência de maior gravidade dos casos”. De acordo com a pasta, o plano é ativado gradativamente mediante o cenário epidemiológico da cidade. Desde o início da implantação da ação, em 18 de março, com abertura de centros de saúde aos sábados, foram 1.857 pessoas atendidas, entre adultos e crianças. As teleconsultas também foram retomadas no dia 15 de abril. Desde o início da oferta do serviço, já foram atendidas aproximadamente 200 pessoas.

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