Tendência

Turistas vão em busca de férias com menor impacto ambiental

Destinos que preservam região explorada são escolha cada vez mais comum entre viajantes; alternativas são mais do que turismo ecológico e incluem experiências únicas


Publicado em 06 de janeiro de 2020 | 14:21
 
 
 
normal

Nas férias, nada de ônibus cheio e pontos turísticos tradicionais: 53% dos viajantes se mostram dispostos a trocar o destino por uma alternativa menos conhecida, mas com um menor impacto ambiental, conforme pesquisa de intenção realizada pela Booking, com 22 mil pessoas de 29 mercados, incluindo o Brasil.

O contato com o meio ambiente sempre foi a principal preocupação da advogada Emely Novaes, 35, antes de escolher seus destinos de férias. “Já deixei de viajar para lugares que foram degradando o meio ambiente para enriquecer com o turismo desenfreado”, diz.

A turismóloga Poliana Rezende, que possui uma empresa em Carrancas, no Campo das Vertentes, em Minas Gerais, conta que, nos últimos cinco anos, a busca pela região – com mais de 80 cachoeiras – fez as ofertas na cidade aumentarem. “São mais de 30 meios de hospedagens”, diz.

Nesse sentido, alternativas muito além do ecoturismo, que propõem experiências personalizadas e próximas de comunidades locais, estão se tornando também uma forte tendência. Cerca de 74% das pessoas gostariam de ter acesso a um serviço (app ou site) que recomendasse destinos onde o turismo poderia impactar a comunidade local de forma positiva, segundo a pesquisa de intenção.

Prestes a embarcar para a Amazônia, a agente de turismo Nathália Segato, conta que ficará hospedada em uma comunidade ribeirinha indígena. “O turismo de massa coloca 1 milhão de pessoas no barco, elas conhecem a comunidade e tiram fotos de um jeito artificial”, explica.

Para o norte-americano especialista em desenvolvimento turístico Doug Lansky, visitantes que conhecem alguma cidade pela primeira vez tendem a ser menos abertos a sugestões para experimentar novos lugares e geralmente preferem passeios tradicionais. Porém, ele afirma que, pensando no longo prazo, “lugares que evitam a superlotação e protegem sua natureza sobreviverão muito melhor”.

Comunidades locais hospedam turistas. A ideia para a Braziliando surgiu quando Ana Taranto viajou com a mãe para a Amazônia de cruzeiro. Mesmo no meio da natureza, ela se sentiu distante das comunidades locais e decidiu investir no turismo de base comunitária – forma de passeio que propõe colocar as atividades turísticas nas mãos da comunidade local.

Em vez de se hospedar em hotéis, quem viaja com a Braziliando fica na casa de uma família de comunidade ribeirinha, onde são comportados no máximo quatro turistas. 

A comunidade desempenha o papel de “guia”. “São os moradores que fazem as atividades culturais, trilhas, dão monitoria de artesanato, tudo o que é parte do dia a dia deles. Assim, a gente gera renda para a comunidade”, diz Taranto. Segundo ela, parte do pagamento que a agência recebe (entre R$ 1.900 e R$ 2.600) é repassada para um caixa comunitário, além da remuneração para cada ribeirinho que desenvolve as atividades.

A agência Vivejar segue um modelo parecido. Ela oferece passeios para destinos como Alter do Chão (no Pará), Morro da Babilônia (no Rio de Janeiro) e Vale do Jequitinhonha (em Minas Gerais). Marianne Costa, cofundadora da agência, estima que entre 30% e 40% do investimento inicial fique na comunidade. A empresa prioriza o trabalho com mulheres, como as artesãs do Jequitinhonha.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!