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Vendo e falando com os mortos

Celulares, computadores e aparelhos de TV podem receber imagens e vozes do além


Publicado em 21 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
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Muitas pessoas procuravam o famoso médium Francisco Cândido Xavier querendo informações sobre entes queridos desencarnados, uma forma desesperada de confirmar a imortalidade da alma e ter a certeza de que, do lado de lá, eles estavam bem.

Chico sempre respondia “que o telefone só toca de lá para cá”. E é verdade. Mas os falecidos podem se comunicar também por meio de rádio, televisão, computador e celular. Trata-se da transcomunicação instrumental, termo criado nos anos 80, na Alemanha, pelo físico e estudioso Ernst Senkowski.

O fenômeno foi investigado também por Thomas Alva Edison, o inventor da lâmpada e do fonógrafo; pelo padre Roberto Landell de Moura, pioneiro na transmissão da voz humana sem fio (radioemissão e telefonia por rádio); por Guglielmo Marconi, precursor do rádio; por Nikola Tesla, precursor do transformador e criador do motor de corrente contínua; e pelo escritor Monteiro Lobato.

No Brasil, a transcomunicação instrumental existe há pelo menos 120 anos, e os transcomunicadores a consideram forte evidência de que realmente a morte não existe. As técnicas evoluíram muito desde o início dos experimentos.

Segundo Sonia Rinaldi, diretora do Instituto de Pesquisas em Transcomunicação Instrumental (Ipati), o Brasil apresenta hoje os melhores resultados do mundo nessa área.

Sonia passou a se interessar pelo assunto em 1988, quando frequentava o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, dirigido pelo estudioso Hernani Guimarães Andrade. Foi ele quem a incentivou a gravar vozes do além.

Hoje, essa comunicação acontece com as imagens de espíritos desencarnados ou de encarnados durante o sono, e é possível também estabelecer contato com extraterrestres e ultraterrestres.

Com 32 livros e e-books publicados sobre o assunto, a transcomunicadora faz muitas palestras, sobretudo nos Estados Unidos, onde ganhou três prêmios pelas pesquisas nos últimos seis meses.

“Chamamos de ‘transcomunicação instrumental’ a comunicação entre o plano físico e outros planos dimensionais, por meio de aparelhos eletrônicos. Atualmente, o computador vem perdendo espaço para os celulares, que também já fazem as mesmas tarefas e, no geral, ainda com mais qualidade”, define.

A pesquisadora contabiliza registros e documentação completa de cerca de 300 telefonemas para o outro lado, devidamente testemunhados por cerca de 260 pessoas que participaram das experiências. “Nosso índice de reconhecimento da voz do falecido é de 83%, ou seja, altíssimo”.

Documentação

Há centenas de pais que perderam seus filhos e puderam reconhecer a voz deles em gravações. “Cada telefonema que fazemos registra em média entre 50 e 60 respostas, mas temos casos com até 160 frases ou respostas dos falecidos”, comenta Sonia.

Nos últimos três anos, a área de transimagens começou a desenvolver-se muito, período em que Nikola Tesla assumiu a coordenação das comunicações com a Terra. “A partir daí, iniciamos grande evolução na recepção de imagens, como nunca se viu. Coisas do Tesla”, ressalta Sonia.

A comunicação por voz é menos complexa que a transmissão de imagens. “As transmissões de vídeos são supervisionadas por seres ultraterrestres, que têm acompanhado a evolução humana. Esses seres também aparecem nas telas e detêm sofisticada tecnologia. Centenas de vídeos estão em nossas mais de 30 revistas eletrônicas”, ressalta Sonia.

Relatos de quem já recebeu imagens de entes queridos

Marlene Ferreira tinha 12 anos quando, em outubro de 2014, sua mãe, Geralcina da Silva Ferreira, morreu, aos 49 anos, de câncer nos pulmões. Trinta e três anos depois, Marlene recebeu uma transimagem da mãe, no laboratório de Sonia Rinaldi.

“A moça que estava de frente para a câmera usava roupa preta e em nada lembrava minha mãe. Aos poucos, sua blusa foi ficando azul, e, imediatamente, me lembrei do vestido com que ela havia sido enterrada”, relembra Marlene, que trabalha com tecnologia da informação.

Ela conta que na foto recebida houve mudança na aparência e no cabelo. “Fiquei tão emocionada que chorei muito (de alegria). Aquilo foi mais que um presente. Sempre acreditei na imortalidade da alma, e essa experiência me deu ainda mais certeza”, comenta.

A gerente administrativa Nilza Maria Francisco, 49, era incrédula sobre a comunicação dos espíritos. Em 2000, após assistir a um programa de televisão sobre a transcomunicação instrumental, resolveu comprar um gravador.

“Criei uma rotina e o deixava ligado todos os dias a partir das 18h”. Após algum tempo, ela recebeu uma mensagem que dizia: “Nilza e Júnior, rezo para que vocês sejam felizes”. “Era de uma tia falecida do meu marido”, conta, emocionada.

Desabafo

O tempo passou, e Nilza, naquela época com 29 anos, enfrentava muitos problemas familiares. Certa noite, ligou o gravador e agradeceu aos “amigos” porque, após ter desabafado na parte da manhã, por meio de uma gravação de voz, sentiu-se bem melhor e tinha convicção de que, de alguma forma, havia recebido ajuda do plano espiritual.

Logo veio a voz dizendo: “Nós só rezamos por você, querida. Seja forte, minha filhinha”. “Era a voz do meu pai, Luiz Francisco Filho, que havia morrido há 20 anos, quando eu tinha 9 anos. Aquele carinho que eu estava recebendo naquele momento, reconhecendo inclusive a voz do meu pai, foi suficiente para que eu restabelecesse minhas forças”, conta Nilza.

A jovem norte-americana Melissa Mchenry morreu, em 2016, de acometimento cardíaco. No ano passado, seus familiares receberam a transimagem dela, capturada pelo computador da pesquisadora Sonia Rinaldi.

Espíritas brasileiros ainda são refratários

Ávida por mensagens do além e cartas psicografadas, a grande maioria das pessoas ainda desconhece a transcomunicação instrumental.

“Os espíritas brasileiros parecem ainda atrelados ao passado. Já no exterior é bem diferente, sobretudo com os norte-americanos, que estão vivamente interessados nas pesquisas”, lamenta Sonia Rinaldi.

O mesmo ocorre com a comunidade científica, que vê as questões mediúnicas e os fenômenos paranormais com temor. “Parece que eles têm medo de abalar suas carreiras. Porém, tudo tem sua hora, e o que é verdadeiro, mais dia, menos dia, será devidamente comprovado. A partir desse momento não vamos precisar ‘acreditar’ mais em nada, pois será questão de saber que é real e sem discussão”, diz Sonia.

Mas, antes disso, muita água vai rolar debaixo da ponte. “Se a sobrevivência após a morte fosse comprovada cientificamente, haveria a implosão, principalmente, das três grandes religiões do planeta. Não é isso que a espiritualidade quer. Tudo a seu tempo”, finaliza Sonia.

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