As dúvidas em torno das pretensões eleitorais do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho, em 2026 já refletem na corrida pelas duas vagas restantes do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG). A inclinação do presidente em deixar uma das indicações para depois das eleições pode empurrar todos os sete pré-candidatos a disputar a outra.
O TEMPO apurou que Tadeuzinho tem sido aconselhado por deputados estaduais a levar a última vaga em banho-maria, ao menos até novembro de 2026, para utilizá-la como um ativo eleitoral. À frente do último mandato como presidente da Assembleia, ele é tratado como um potencial candidato ao governo de Minas Gerais ou a vice-governador.
Para aliados de Tadeuzinho, a cadeira, vaga desde a aposentadoria de Mauri Torres em abril, lhe daria segurança para se candidatar a um cargo majoritário, já que, até agora, ele disputou apenas eleições proporcionais. O presidente poderia utilizar a indicação para o TCE-MG para arregimentar apoio a uma eventual candidatura ao governo de Minas, por exemplo.
Em 2006, o então governador Aécio Neves (PSDB) indicou a ex-prefeita de Três Pontas, Sul de Minas, Adriene Andrade (1964-2018) para o TCE-MG. Àquela altura, Adriene era casada com o então vice-governador Clésio Andrade. A indicação teria sido parte do acordo do então governador para atrair o então presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) como vice.
Em outro cenário, dizem aliados, Tadeuzinho poderia se candidatar à última vaga do TCE-MG caso não seja eleito nas urnas. O argumento é que os adversários retirariam a candidatura porque dificilmente mediriam forças contra um presidente. Quando o conselheiro Agostinho Patrus foi eleito, em 2022, o então deputado estadual Sávio Souza Cruz (MDB) se retirou do páreo.
Publicamente, Tadeuzinho desconversa quando é questionado sobre uma eventual candidatura ao governo de Minas Gerais. No último mês, logo após a convenção estadual do MDB, ocasião em que ouviu um coro para concorrer ao Palácio Tiradentes, o presidente da Assembleia afirmou que “quem está pensando em 2026 está jogando no time errado”.
A avaliação é que o cenário levará os pré-candidatos a correrem para disputar a próxima cadeira, vaga desde outubro de 2024, quando o ex-conselheiro Wanderley Ávila se aposentou. Concorrem ao TCE-MG a deputada Ione Pinheiro (União Brasil) e os deputados Thiago Cota (PDT), Ulysses Gomes (PT), Tito Torres (PSD), Sargento Rodrigues (PL), Dr. Wilson Batista (PSD) e Arnaldo Silva (União Brasil).
As sete pré-candidaturas a uma só vaga aprofundaria ainda mais a disputa já vista para a cadeira encaminhada para o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT). Além do presidente do América, a vaga deixada pelo ex-conselheiro José Alves Viana foi disputada por Tito e Rodrigues, e Tadeuzinho interviu para evitar uma votação aberta em plenário.
A expectativa entre os deputados é que a eleição para a próxima cadeira ocorra ainda no segundo semestre, mas Tadeuzinho ainda não sinalizou qualquer data. À medida que as eleições de 2026 se aproximam, a pressão sobre o presidente aumenta, já que os pré-candidatos temem que tenham que conciliar a campanha à reeleição às articulações para o TCE-MG.
Quando Souza Cruz abriu mão de se candidatar em 2022, já a poucos meses das eleições, ele já havia apadrinhado o então candidato e hoje deputado Lucas Lasmar (Rede). Como tinha transferido as bases eleitorais para Lasmar, o então parlamentar sequer se candidatou à reeleição e, desde então, está sem mandato.
Mas aliados de Tadeuzinho minimizam o eventual aprofundamento da disputa pela próxima vaga. Eles apontam que o presidente da Assembleia atuará por um consenso, a exemplo do que fez para que Alencar seja indicado sem adversários. O critério adotado por Tadeuzinho para alcançar um denominador comum foi a idade dos pré-candidatos.
O círculo próximo ao presidente da Assembleia ainda pondera que confirmar quaisquer pretensões eleitorais atrapalharia a condução da Casa em meio às negociações para a adesão de Minas Gerais ao Programa de Pleno Pagamento da Dívida (Propag). Qualquer decisão poderia ser lida como uma movimentação eleitoral de Tadeuzinho.
A Assembleia tem a prerrogativa de indicar quatro dos sete conselheiros do TCE-MG. Entre aqueles em exercício, apenas Agostinho foi indicado pela Casa. Alencar será o próximo caso o plenário aprove o parecer favorável dado pela comissão especial responsável por sabatiná-lo. As duas vagas restantes são justamente as de Ávila e Mauri.
Procurado, Tadeuzinho não atendeu às tentativas de contato com a reportagem até a publicação desta matéria, assim como os pré-candidatos ao TCE-MG. Tão logo se manifestem, o posicionamento será acrescentado. O espaço segue aberto.