Pré-candidato à Presidência da República, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), esteve em Belo Horizonte nesta terça-feira (2/9) e conversou com O TEMPO, com exclusividade. Ele participou de um almoço com políticos e empresários durante a edição de setembro do Conexão Empresarial. Caiado aproveitou a visita ao estado para se encontrar com o governador Romeu Zema (Novo). Durante um café da manhã, os dois pré-candidatos à Presidência da República reafirmaram a disputa, individualmente, em 2026, mas enfatizaram que, no segundo turno, todos se unirão contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Leia a íntegra da entrevista dada por Ronaldo Caiado à editora de Política de O TEMPO, Cynthia Castro.

 

O senhor se encontrou hoje (2/9) com o governador Romeu Zema (Novo). O que foi conversado? Existe alguma possibilidade de composição entre vocês para 2026?

Discutimos vários assuntos, desde a política nacional, dos estados, o momento político que estamos vivendo. O Zema já é meu colega como governador há sete anos, e o assunto ficou bem claro: essa oposição. Nós seremos pré-candidatos até a nossa  convenção. Aí, homologada, passamos a candidatos a presidente da República. Não tem essa tese de que tem uma unidade no primeiro turno, isso é muito mais o que o PT deseja, o que o presidente Lula deseja. Nós teremos em torno de quatro pré-candidatos, acredito que será essa a projeção para 2026. E, provavelmente, terão outros candidatos da esquerda. Mas eu acredito que esse vai ser o universo nosso para a eleição de 2026.


Uma composição com o governador Romeu Zema então está descartada? Cada um segue com sua campanha?

Até por uma questão de respeito entre nós. Nós temos uma história. Neste momento, ele disse de forma bem clara que tem a pretensão de levar a candidatura dele. Eu, com todo o respeito, acho que isso aí é algo que nós temos que levar para o debate. Primeiro turno não se concentra a candidatura, primeiro turno você coloca aquelas candidaturas possíveis de poderem mostrar o quê? Qual a sua competência para governar o país? Você não tem que fazer uma prévia, para que indique apenas um (candidato) de um lado e um do outro. Isso acontece no segundo turno. No primeiro turno, colocamos ali aqueles que se apresentam como candidatos, e, a partir daquele momento, a população vai avaliar: “Bom, realmente, eu vejo que este, neste momento da vida pública nacional, tem as credenciais para poder governar o país. Como ele governa?”. Eu governo pelo exemplo de vida que eu levo desde que iniciei minha vida pública — com transparência, com coragem de tomar decisões. Resgatando a condição de governabilidade no meu estado de Goiás. Isso é como você consultar um médico. Você vai levar um filho seu para ser consultado e vai querer escolher um médico que realmente lhe dê convicção de que ele dará conta de levar aquele tratamento a bom termo. Assim, o eleitor também, eu espero, neste momento, avalie quais são as condições do candidato: o que é que ele realmente fez no governo? Como ele atingiu o nível de segurança, de educação, de programas sociais, de infraestrutura, de equilíbrio fiscal? Como conseguiu gerir a política? Qual é a independência moral e intelectual dele para chegar ao governo federal e fazer com que haja um resgate da crença da população na política e no governo federal? Então, acho que esse é o grande desafio que temos diante dessa crise de governabilidade que vive o país na Presidência.


E o senhor acha que a direita, não estando unida em uma candidatura no primeiro turno, não se fragiliza na eleição? Isso não coloca mais em risco a possibilidade de um candidato de direita não vencer?

Não, pelo contrário. Ela será fragilizada se você realmente colocar apenas um candidato, porque esse candidato é que vai ser focado pela máquina do governo, porque eles não têm escrúpulos, nenhum. Eles vão criar fake news, vão criar todo tipo de impasse, vão criar ingovernabilidade nos nossos estados, vão criar toda uma situação de crise para tentar destruir a imagem daquele candidato. Pressionar outros para não apoiá-lo. Ora, quando você ainda está há um ano e dois meses de uma campanha eleitoral, você tem um tempo enorme, com a máquina que o governo tem — e com a falta de escrúpulo do governo federal, do PT — para poder fazer esse tipo de ataque. À governabilidade dos pré-candidatos ou do pré-candidato, aquele, vamos dizer, “selecionado”, ele provoca muito mais desgaste a ele. Agora, quando você tem três, quatro pré-candidatos, você tem cada um na sua abrangência e não tem nenhum candidato que tenha o conhecimento de toda a população. Então, você tem um candidato que está com o poder na mão — é conhecido por todos — e quatro pré-candidatos que não são conhecidos nacionalmente. O grande problema, por exemplo, da minha candidatura, é eu poder mostrar a gestão que fiz em Goiás — que sou o mais bem avaliado governador do país, com 88% de aprovação no meu estado — e mostrar para a população brasileira: “Olha, quer me conhecer? Vá lá, veja o que construímos em Goiás.” Isso me dá a aprovação de 88% junto à minha população. O que preciso é levar o que implantamos no estado para ser replicado no governo federal. É o que eu brinco muito: minha campanha aparece muito com música sertaneja. No começo, todo mundo tinha um acanhamento enorme em cantar música sertaneja. Depois, ela ganhou o coração do brasileiro e é a mais cantada no Brasil. Então, hoje, o debate nosso é exatamente esse: chegar na população e debater, ouvir, apresentar quais são as metas de governo, como você pretende atingi-las e não apenas no discurso, porque tá ali a prática, tá aqui no estado de Goiás, tá aí à mostra para poder comprovar tudo que eu disse.


Além dessa questão de mostrar os feitos e quais são as propostas do senhor, como fica um possível apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível? Haverá uma disputa entre esses candidatos pelo apoio de Bolsonaro? 

Isto é algo que não deve ser cobrado do presidente Bolsonaro. Sabe por quê? Porque todos nós o apoiamos. Ele pode fazer uma opção por um, como pode também lançar alguém da família dele. Então, essa decisão é de foro pessoal dele. Isso não pode ser cobrado dele. Ele tem que ter essa liberdade de decidir quem deve ser o candidato. E qualquer analista político, minimamente conhecedor da prática política, sabe que aquele que passar para o segundo turno, o eleitorado dos demais vai migrar para este candidato. É um caminho normal, é um caminho que vai chegar àquele que for o vencedor do primeiro turno.

 

O senhor acredita que, em um primeiro turno, o Bolsonaro pode vir a lançar uma outra pessoa como candidato à Presidência?

Sim, pode. Tem total liberdade para isso. Ele construiu também um patrimônio político e pode querer achar que deve ser uma pessoa da confiança dele — o filho dele ou a esposa. São direitos que ele tem. Ou, se não, se vai optar ou não... Mas não há necessidade dessa cobrança para que ele tenha que decidir. Até porque todos nós, os quatro, apoiamos ele na candidatura que teve à Presidência da República.

 

Como o senhor viu o episódio em que, no dia seguinte ao lançamento da pré-candidatura do governador Romeu Zema, o Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, fez um post agressivo nas redes sociais chamando de "ratos" as pessoas que, na opinião dele, tentam se aproveitar desse momento para conseguir protagonismo, atacando o PT, numa insinuação de que poderiam ser os governadores de direita? O senhor se sentiu atingido por esse post? Como viu isso?

De maneira alguma. Até porque eu tenho uma trajetória de vida. E eu ainda comparo isso ao fato de eu ser médico, sou cirurgião. Minha vida foi tratando pacientes graves. E é muito comum você ter um paciente que chega acompanhado dos pais e o pai fala: "Olha, esse filho tá entregue nas mãos de Deus e nas mãos do Senhor, salve a vida do meu filho". E tem outro que chega e fala assim: "Ó, se meu filho morrer, depois eu venho cá acertar com você". Então, nem por isso você vai mudar sua prática cirúrgica. Mas, dependendo do momento emocional da pessoa, o descontrole que ele tá vivendo, essas colocações são feitas. Mas para nós, com nossa história política, temos que responder e mostrar que fazemos política com altivez, com espírito público, com conteúdo, com capacidade de debater. Senão, não sobreviveríamos na vida pública. Então, isso também é importante que a população avalie. Eu venho de 40 anos na vida pública e você nunca me viu envolvido em bandalheira, em corrupção, em negociata. São 40 anos em defesa do que eu acredito. O direito à propriedade, da livre iniciativa, da economia de mercado, do setor produtivo primário, do setor rural, da segurança pública plena. Você vê que Goiás é um estado que tem segurança plena no estado todo. Você não tem lá facção mandando em nenhum palmo de terra, tem a melhor educação do Brasil, os maiores programas sociais do país. É um estado que se desenvolve cada vez mais, com total transparência no gasto público. Então, a vida da pessoa não é definida por uma adjetivação usada por A ou B. É história de vida. É o que eu falo: eu sou um homem que governa, pelo exemplo que dei ao longo dos meus 40 anos de vida. É assim que eu governo.

 

O senhor chega hoje (2/9) a Minas em um dia emblemático para o país, porque começa o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras pessoas acusadas de uma tentativa de golpe de estado. Como que o senhor vê essa situação? Qual é a expectativa para esse julgamento?

Previamente, todos nós brasileiros já temos mais ou menos a noção de que, dentro daquilo que está colocado — não estou aqui antecipando o julgamento —, mas a predisposição que se vê dentro dessa câmara que vai julgar o presidente Bolsonaro é de que ele seja condenado, e também os outros sete que serão julgados. Agora, a discussão desse fato se dará no decorrer do processo eleitoral. Aí será a segunda etapa deste problema. E eu sou da tese de que nós temos que governar um país pacificando o país. Ninguém governa promovendo a guerra, o desentendimento. Eu gosto muito de ler história, e tem uma semelhança muito grande com um colega meu, médico, que foi, para mim, um grande estadista que este Brasil teve, e que é mineiro, Juscelino Kubitschek. Ele teve uma vida muito próxima à nossa, goianos. Até ser eleito, o comício mais emblemático foi em Jataí, onde lançou a mudança da capital. Foi cobrado, e lá ele confirmou. Então, a vida do Juscelino tem muito a ver com aquilo que nós também homenageamos na política nacional. E Juscelino Kubitschek sempre trabalhou no sentido de pacificar. Ele foi vítima de um golpe, a famosa revolta da Aeronáutica, lá em Jacareacanga, depois em Aragarças, e ele falou: "Vamos pacificar o Brasil. Vamos anistiar esse pessoal. Deixa eu trabalhar, que eu tenho que mudar. Eu tenho que construir o Brasil. Eu tenho que construir Brasília. Eu tenho que fazer o desenvolvimento chegar ao oeste brasileiro. Eu tenho que ocupar este país. Eu tenho que criar universidades, rodovias, educação de qualidade. Eu tenho que trazer indústria para o Brasil”. Depois dele, nós nunca tivemos alguém com a visão de estadista como Juscelino Kubitschek. Este é o momento delicado, mas é um momento para nós podermos dar um ponto final e começarmos, a partir de 2026, um novo momento de pacificação no país, de trazer a anistia, de trazer a paz e de ter um objetivo único. Vamos combater o crime, vamos combater a corrupção, vamos poder levar a melhoria para o cidadão que depende de uma estrutura de governo. Não vamos nos perder nessas brigas, essas picuinhas entre nós, enquanto a população que está lá dependente de qualidade, a população que depende de educação, de saúde, de alimentação, de infraestrutura, ela espera que o foco não seja desviado e que o Brasil não perca cada vez mais espaço, como tá perdendo para a Índia, para a China, para a Coreia do Sul, para tudo. E o Brasil está ficando em último lugar nesse processo. Com esse potencial todo, ficar só discutindo ‘mimimi’ e, no entanto, na hora que é para trazer resultado para a população, não tem resultado. 

 

O senhor disse, em outra ocasião, que considerou o 8/1 uma baderna que fizeram na Praça dos Três Poderes. Ainda assim, o senhor defende a anistia, garante que dará a eles a anistia? 

Eu vou fazer. Isso é o compromisso que eu já disse. É o primeiro ato meu, depois que eu assinar o diploma de presidente da República, vai ser exatamente promover a anistia do 8/1. 


O senhor acha que isso não compromete a democracia de alguma forma e pode talvez estimular outros atos que de pessoas que estejam insatisfeitas com o governo? 

Não, pelo contrário. Eu acho, em primeiro lugar, que se eu estivesse no governo, na Presidência da República, o 8/1 não teria acontecido. 


Por quê?

Por um motivo muito simples. Você acha que um presidente da República, há oito dias no comando do país, vai estar no interior de São Paulo inaugurando uma obra insignificante? Enquanto todo mundo tinha informação de que as pessoas estavam ali e que ele realmente não tinha, ele não sabia de nada, foi surpreendido? Um presidente da República? Por que eu, como governador, ninguém vai ao meu palácio? Eu não quero, para ser presidente da República, oito dias, não. Eu quero um minuto. Quero saber quem invade o Palácio do Planalto. Eu, como presidente da República, quero saber em um minuto quem invade um Poder. Eu sendo o presidente da República, eu tenho autoridade moral. Qual é a conivência para que tudo isso acontecesse? Então, quer dizer, ele é presidente da República há oito dias e mente se diz: "Olha, eu estou no interior”. Não sei se era Araraquara. “Estou no interior aqui, eu fui surpreendido.” Que é isso? Foi surpreendido ou existia uma conivência para que se criasse o fato? Não estou defendendo lado algum. Eu sou um homem que eu não defendo baderna. Na mesma hora, sou o primeiro a impedir que qualquer mobilização fosse feita no sentido de Brasília. Eu sou um homem que prezo pela ordem. Eu não admito, não tem negócio de ser de direita, de esquerda, de centro, invadir, quebrar, destruir. Isso eu não admito no meu governo. Não tem isso. Então, essa é a tese.


Não há contrassenso? O senhor acha que não admitiria uma situação dessa, mas de que forma a anistia contribui? Não há um contrassenso nisso?

Contribui para que você mostre o seguinte: ‘olha, a partir de agora, essa briga que tá tomando conta do Brasil, que o Brasil não discute outro assunto’. Por exemplo, nós estamos conversando há quase 20 minutos. Nós não tivemos nenhuma discussão aqui sobre a educação. Você não mostrou interesse na segurança. Quer dizer, então a tônica que o Brasil...


O senhor falou da segurança, que é um dos pontos que o senhor quer focar...

É, mas a tônica que o Brasil discute tem dois anos e meio do governo federal é um só, é o 8/1. Qual é o outro?

 

E o senhor espera que o debate eleitoral possa descolar um pouco dessa polarização? Como que o senhor pretende colocar isso?

Eu acho que não. Essa discussão vai ser feita no processo eleitoral. Isso é normal. Isso é correto. Eu acho certo que se faça essa discussão. Não tem nada de errado. Eu acho que esse é um problema que tem que ser debatido sim, à exaustão. Eu vou me posicionar para que meus argumentos sensibilizem. Agora, respeito as decisões. Eu sou um democrata. O que que o painel vai dar? ‘Olha, ele foi eleito’. Eu vou respeitar a decisão. Essa que é a beleza da democracia. Essa é a independência que eu tenho como político. Eu não sou um homem tutelado por ninguém. Já conheço Bolsonaro, sempre convivi com Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Agora, ele, como presidente, eu o apoiei. No momento da pandemia da Covid, eu, como médico, fui o primeiro governador a decretar o isolamento social no país. Primeiro governador. Fui o primeiro governador a dizer: 'Em primeiro lugar, eu trato de vida. Eu sou um homem que tem a responsabilidade de cuidar das pessoas, eu cuido de vidas. Eu sei que esse é o compromisso: salvar vidas'. 'Ah, mas eu não concordo'. Independente. Então eu sou um homem que tem posição, eu tenho posicionamento político do que eu quero atingir e o que eu acredito que é melhor para o país.

 

Qual é a sua posição sobre o tarifação de Donald Trump? O senhor, como presidente, o que acha que precisaria ser feito para que o país não seja prejudicado? 

Eu estava em viagem para o Japão quando soube do tarifaço. Imediatamente, retornei ao Brasil e me declarei claramente contrário ao tarifaço. E tomei medidas no estado de Goiás para que eu pudesse contemplar ou, pelo menos, alicerçar aquelas empresas que viessem a ter uma penalização em decorrência do tarifaço. Então, a minha posição é 100% contrária. Que é outra artimanha mais uma vez utilizada. Ou seja, você viu que a diplomacia tá informando que o governo chinês acertou com Trump para que ele, a China, desviasse as importações de soja do Brasil para os Estados Unidos. Então, aí o Trump também já está liberando algumas taxações sobre produtos chineses. Então, é um momento de negócio. O que você não pode, nesta hora, é se encurralar. Querer achar que você vai ‘desdolarizar’ o mundo e que vai criar uma outra moeda, e que vai brigar e romper com um parceiro de 200 anos, e achar que isso aí vai produzir resultado? Eleitoral. Então, é outro processo. Os desentendimentos diplomáticos devem ocorrer. Agora, você tem que trabalhar. Ninguém é mais opositor neste momento atual do que Estados Unidos e China. E os dois estão conversando diariamente. Ontem (anteontem) à tarde, fui informado dessa possibilidade. Então, nós somos os maiores fornecedores de soja para a China. Veja bem, nem se nós perdemos esse mercado. ‘Ah, mas vem cá, mas o Lula não estava defendendo o Brics que faz parte a China, a Índia, a Rússia e a África do Sul e eles não estão acertando lá com o Putin e deixaram o Brasil de fora e está a China, a Índia e a Rússia’. E cadê o Brasil na reunião deles? Está de fora. Então, você vê que todos estão conversando, todos estão recuperando a sua economia. E fica o Brasil aqui, fica o Lula aqui a querer se posicionar como sendo área que vai enfrentar. Para com essa brincadeira de mau gosto, que vai afetar a economia do nosso país. Vamos para o diálogo. Vamos para o Itamaraty. Vamos para a diplomacia. Vamos para a importância da liturgia do cargo. Ou seja, “o Brasil é dos brasileiros”, sim, “o Brasil, é dos brasileiros”. O Brasil só não é do PT. Vocês mineiros sabem, porque vocês viveram com o PT aqui. Então, todo mundo sabe o que estamos vivendo nacionalmente. Esta é a realidade que deve ser dita. Todos nós somos contra o tarifaço. Vocês vão lutar pelo nosso mercado, pela expansão do mercado brasileiro. Agora, eu tenho que acreditar naquilo que é um órgão de estado, que é o Itamaraty. É a diplomacia brasileira. Agora, a diplomacia russa funciona, a indiana funciona, a chinesa funciona, a da União Europeia funciona, e só nós que estamos com a penalidade de 50% de tributação. Isso tem interesse em penalizar a economia brasileira para tirar o fruto para campanha eleitoral.

 

O senhor tem alguma avaliação sobre esse movimento do Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos junto ao presidente Trump? O que que o senhor avalia que isso tem trazido, é mais positivo ou negativo para o Brasil?

Bom, a avaliação que eu tenho é que se um presidente da República é mais fraco do que um deputado federal, ele não pode estar na cadeira de presidente. Em primeiro lugar, é que aquela cadeira é muito grande para ele. Você já pensou bem, eu, presidente… Tem um deputado que fala mal de mim nos Estados Unidos, outro fala mal de mim na África, outro fala de mim na Ásia, outro fala de mim em outro lugar, e eu sou menor do que esses deputados, realmente eu não tenho competência para ser o presidente.


O senhor falou de 2026, que o primeiro ato vai ser a anistia. O que vem depois? Qual será o foco do senhor, o que acha que precisa ser feito emergencialmente?

Imediatamente. Faccionado será considerado terrorista. Segundo ato que eu assino. Tá aí, você já me puxou o segundo. Tá vendo? Não tinha dado para ninguém. Tá aí um furo de reportagem. Primeiro vai ser anistia, segundo eu vou considerar as facções do narcotráfico como facções terroristas.


E mais na área de segurança, o senhor acha que o Brasil precisa ter essa tranquilidade? 

Você viu a situação que saiu agora de uma universidade, onde 60 milhões de brasileiros vivem tutelados pelo narcotráfico. É o maior número de pessoas, na história da América Latina — de todos os países —, o Brasil tem hoje 60 milhões de pessoas escravizadas pelo narcotráfico, 26% da nossa população. Toda gente sob o controle das facções criminosas. E as ações criminosas estão entrando em tudo. Amanhã você vai ter um México onde a Presidência da República chega lá com a conivência da estrutura dessas pessoas, que vão para a formalidade, ganhando prefeituras, entrando na vida política, empresarial, comercial e tudo. E a população sem condições de estar enfrentando essa dificuldade, porque o Estado se curva ao crime no Brasil. E o PT sempre foi complacente com o crime no Brasil. Essa é a grande realidade. Então, essa complacência, essa conivência do PT com o narcotráfico é que está levando o Brasil a ser hoje a nação com o maior número de pessoas submetidas ao controle das facções criminosas. Então, isto é um ponto extremamente preocupante. E acho que é uma das medidas imediatas que nós devemos tomar, além daquilo que eu sei fazer: a parte da educação, da saúde, da área social, e também os projetos de desenvolvimento de uma política internacional para que o país tenha metas. Metas como as de Juscelino Kubitschek, que de uma forma ousada transformou o país não só na mudança da capital, mas nas projeções de rodovias, na criação de universidades pelo Brasil afora, deu outra dinâmica, outra visão de mundo para o país. Então, é exatamente com essa visão que eu quero poder chegar a governar o país.

 

Assista a entrevista de Ronaldo Caiado ao programa Café com Política, no canal de O TEMPO no YouTube.