BRASÍLIA - Cortejado pelo governo Lula (PT) para o Ministério das Comunicações, o líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas Fernandes (MA), admitiu o apoio à anistia e defendeu, em reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que a proposta seja votada.

A anistia é a principal pauta da oposição no Congresso Nacional para proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de uma condenação no Supremo Tribunal Federal (STF). Ela é rejeitada pelos deputados governistas, mas, a tendência é que pelo menos a urgência do projeto seja votada. 

O apoio do União Brasil é indispensável para a oposição alcançar o número de votos necessário para aprovar a anistia. A adesão recente do Centrão à proposta constrói ambiente favorável na Câmara para pôr a proposta em votação.

O União detém 59 votos; além deles, são somados ainda outros 50 votos do PP, agora em federação com o União Brasil. De saída, o PL, principal puxador da anistia, calcula que terá os 109 votos dos dois partidos do centrão somados aos próprios 88. O Republicanos, com 45 deputados, também indicou apoio à proposta. Há, ainda, cinco do Partido Novo.

A posição do União Brasil de Pedro Lucas condiz com a saída do governo Lula. O partido promete entregar o Ministério do Turismo, hoje com o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA). O movimento era ensaiado há mais tempo, e, em abril, o União Brasil rejeitou o Ministério das Comunicações, oferecido a Pedro Lucas Fernandes. O aceite era dado como certo, e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, até afirmou publicamente que a pasta seria ocupada pelo deputado do União Brasil.

MDB e PSD

PSD e MDB, que completam o quinteto do Centrão na Câmara, ainda têm posições incertas em relação à anistia. A oposição garante que o PSD, do líder Antonio Brito (BA), se colocou favorável à anistia. A base, entretanto, põe em xeque a afirmação, e avalia que a bancada do PSD se dividirá em relação ao assunto. 

O PL não conseguiu atrair o MDB. O líder Isnaldo Bulhões (AL) não indicou apoio à proposta durante a reunião do colégio de líderes nessa terça-feira (2/9). O partido ocupa três ministérios no governo Lula e não deve se afastar, seguindo a orientação do Palácio do Planalto em relação à anistia.