BRASÍLIA - O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é "o único que não pode perder a eleição do ano que vem". Por isso, o parlamentar defende uma candidatura única no campo da direita.
E, na avaliação de Ciro Nogueira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganharia uma eleição presidencial contra qualquer integrante da família Bolsonaro. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira (1º/9).
“O único que não pode perder a eleição do ano que vem é Jair Bolsonaro, por causa da situação dele. Ele tem que escolher alguém que possa ganhar”, disse.
Bolsonaro está inelegível e às vésperas de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Ex-ministro e aliado próximo de Bolsonaro, o parlamentar é apontado como um possível candidato a vice na chapa presidencial encabeçada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ciro Nogueira nega e afirma que “não existe candidato a vice”. “Vice é uma definição que tem que ser tomada depois da escolha do candidato, considerando conveniências de ordem política e eleitoral.”
Tarcísio é o favorito em 2026
Ciro Nogueira, no entanto, defende Tarcísio de Freitas como o favorito em uma disputa em 2026 contra Lula. O presidente do PP acredita até que o petista pode desistir de ser candidato caso o governador confirme a candidatura, com a desculpa sobre sua saúde.
Mas o senador alerta que o presidente teria atraído a oposição para uma armadilha ao mencionar, na reunião ministerial da semana passada, o governador como presidenciável e citar as especulações sobre Nogueira como possível vice.
“Ele [Lula] quer colocar holofotes sobre Tarcísio e sobre mim para nos queimar, porque sabe da reação que a precipitação sobre a questão de nome provoca na oposição”, afirmou. “Fixar o Tarcísio como candidato agora leva setores da direita a bater em Tarcísio”, avaliou.
Segundo ele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) “caiu em uma armadilha de Lula”.
O nome de Tarcísio como o candidato de Bolsonaro na disputa presidencial de 2026 vem sendo motivo de ataques por parte de Eduardo. O filho de Jair Bolsonaro já declarou que tem intenção de ser o candidato a presidente no ano que vem em substituição ao pai.
Em mensagens divulgadas pela Polícia Federal, o parlamentar criticou o governador de São Paulo e afirmou que atuaria abertamente para tentar impedir uma candidatura presidencial de Tarcísio.
Bolsonaro comentou sobre divergências entre Eduardo e Tarcísio de Freitas, em entrevista, e disse: "Ele apesar de ter feito 40 anos de idade agora, né... ele não é tão maduro assim, vamos assim dizer, talhado para a política... tá bem. Ele acerta 90% das vezes, 9% quando meio e 1% está errando", afirmou.
Eduardo reagiu: "VTNC SEU INGRATO DO C*RALHO!", escreveu Eduardo Bolsonaro, em mensagem no WhatsApp, no dia 15 de julho, em sigla que significa "vai tomar no c...".
Desembarque do PP do governo Lula
Sobre a saída do PP do governo Lula, Ciro Nogueira defendeu que o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), seja pressionado a deixar o cargo.
“Por mim ele jamais teria ido ao ministério. Já está passando do momento da gente tomar uma decisão. Na próxima semana eu vou começar a debater isso no partido”, afirmou.
Recentemente, União Brasil e PP lançaram uma federação e passarão a funcionar como um só partido pelos próximos quatro anos. Líderes da federação União Progressista já defendiam a saída, mas alegam que a situação ficou insustentável depois da declaração de Lula, em reunião ministerial, de que não gosta de Rueda e que a recíproca é verdadeira.
Nesta semana, a Cúpula da federação se reúne para discutir a saída do governo Lula. Além do Ministério do Esporte, o PP também controla a Caixa Econômica Federal, por meio de uma indicação do deputado Arthur Lira (PP-AL).