BRASÍLIA – Apenas sete dos 513 deputados federais e 81 senadores se credenciaram no Supremo Tribunal Federal (STF) para assistir presencialmente às sessões do julgamento que pode condenar Jair Bolsonaro (PL) e sete aliados por tentativa de golpe de Estado após derrota nas eleições presidenciais de 2022. 

Dos sete parlamentares credenciados, deve haver representantes da oposição, aliada a Bolsonaro, e da base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na plateia da Primeira Turma. 

O baixo quórum político, inversamente proporcional à procura dos mais de 3,3 mil cidadãos que tentaram ver de perto a histórica audiência, tem uma explicação: a ausência do ex-presidente, em prisão domiciliar, e de quase todos os réus que passam a ser julgados a partir desta terça-feira (2/9). 

Procurado, o cerimonial do Supremo, que cuida da lista de credenciados para assistir a sessão, não informou os nomes nem os partidos dos integrantes políticos que devem estar na plateia. 

Políticos optaram por assistir julgamento pela TV

O contraste de deputados e senadores presentes nestas sessões em relação a audiências anteriores é evidente: quando Jair Bolsonaro esteve presencialmente em sessões anteriores, a movimentação de aliados era intensa, com gabinetes se organizando para marcar presença no plenário. 

Agora, sem o ex-presidente na fila dos réus, muitos optaram por seguir as sessões a distância, pela TV ou na internet. Nem mesmo parlamentares mais fiéis ao ex-chefe do Executivo demonstraram disposição em reforçar o apoio presencial.

General Paulo Sérgio é o único réu confirmado na plateia da Primeira Turma

Entre os réus, a exceção será o general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, que deve comparecer ao STF para acompanhar a sustentação oral de sua defesa.

Acusado de apresentar a chamada minuta do golpe aos comandantes das Forças Armadas às vésperas da diplomação de Lula, ele será o único a enfrentar o julgamento dentro da Corte, enquanto os demais réus optaram por acompanhar remotamente.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que os oito acusados do chamado “núcleo central” organizaram uma trama para manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota em 2022. Todos negam participação na tentativa de golpe.

Nos bastidores, a presença reduzida de parlamentares reforça o caráter institucional do julgamento, mas evidencia que, sem o ex-presidente no plenário, o peso político e simbólico das sessões diminui – mesmo que o resultado possa definir o futuro político da direita no país.