BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dedicada às fraudes nas aposentadorias e pensões do INSS marcou para 15 de setembro o depoimento de Antônio Carlos Camilo Antunes, o "Careca do INSS". A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) o apontam como o principal operador das fraudes nos descontos ilegais nas folhas de pagamento dos aposentados e pensionistas. 

Três dias depois, em 18 de setembro, o empresário Maurício Camisotti também depõe à CPI mista. Ele é tratado como peça-chave na operação para lavar o dinheiro ilegalmente retirado das aposentadorias e pensões pagos pelo INSS. Pela investigação da PF, o grupo desviou cerca de R$ 6 bilhões.

A marcação dos depoimentos do Careca e de Camisotti, definida em sessão nesta quinta-feira (4/9), é mais um gesto da CPMI contra aqueles que são apontados como os principais operadores das fraudes praticadas.

Na segunda-feira (1º), a comissão aprovou um pedido de prisão contra a dupla e mais 19 investigados pela PF; entre eles Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS. O ofício foi entregue ao ministro André Mendonça, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) do inquérito sobre os descontos irregulares. Cabe a ele decidir sobre as prisões.

Também nesta quinta-feira, os membros da comissão aprovaram requerimentos que têm na mira o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A associação é investigada pelas fraudes, e o vice-presidente do grupo é José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os documentos solicitam dados da entidade.

Ex-ministro depõe em 8 de setembro

A CPI presidida pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG) ouvirá Carlos Lupi na próxima segunda-feira (8). Ele era ministro da Previdência, escolhido para o cargo pelo presidente Lula, quando estourou o escândalo das fraudes no INSS em abril deste ano. Lupi pediu demissão do cargo, e Lula nomeou o secretário-executivo, Wolney Queiroz, para chefiar o ministério.

Os trabalhos da comissão começaram em agosto com uma reviravolta da oposição sobre a base. Inicialmente, a CPI mista seria presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), indicado pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o relator seria o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO), nome escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

A oposição, se valendo do regimento, conseguiu ter maioria presente na primeira sessão da CPMI, e, em votação, derrubou as indicações de Alcolumbre e Motta. A presidência coube a Viana, e o relator é o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL). O vice-presidente, por acordo, é o deputado Duarte Jr. (PSB-MA), único governista na direção da CPMI.

Nas próximas semanas, a comissão planeja coletar os depoimentos dos ministros da Previdência entre 2015 e 2025, contemplando os governos Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PL) e Lula. Os ex-presidentes do INSS também serão ouvidos.