BRASÍLIA - Após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), rejeitar a hipótese de pautar uma eventual anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou, nesta quinta-feira (4/9), que o colega não é o “dono da Casa”.
Líder da minoria, Ciro cobrou de Alcolumbre que respeite o direito da maioria dos senadores. “Ele não é dono da Casa. Ele tem que respeitar o direito da maioria. Se a maioria quiser votar…”, sugeriu o senador, durante a posse de Marluce Caldas e Carlos Brandão como ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Questionado, Ciro garantiu que a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem maioria no Senado. “Se ele (Alcolumbre) não vota, é porque (a oposição) tem maioria”, apontou o ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, quem, segundo o senador, “está muito triste”. “Está muito debilitado”, emendou.
Na última terça-feira (2/9), Alcolumbre afirmou que pautará no Senado um texto alternativo ao que hoje é discutido na Câmara dos Deputados para anistiar os condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. “Eu vou votar o texto alternativo. Eu vou fazer esse texto e eu vou apresentar”, disse o presidente, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
A anistia voltou à pauta da oposição a Lula na esteira do início do julgamento de Bolsonaro na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado na última terça. A articulação ganhou força na Câmara dos Deputados com a adesão de líderes do centrão, até então resistentes.
No mesmo dia, o líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), projetou ter 292 votos favoráveis à inclusão da anistia na pauta. Além do próprio partido, a conta de Sóstenes inclui PSD, Republicanos, Novo e a federação PP-União Brasil, que formalizou o rompimento com o governo Lula.