Influência

Nome forte no Congresso, Davi Alcolumbre mantém poder mesmo na gestão Pacheco

O senador, que antecedeu o mineiro como presidente do Congresso e trabalha para retornar ao cargo, tem trânsito livre nos locais de decisões políticas do Parlamento

Por Lucyenne Landim
Publicado em 22 de outubro de 2023 | 08:00
 
 
 
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Ocupando a cadeira de presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), conta com a ajuda de um outro nome de grande influência em decisões políticas: o senador Davi Alcolumbre (União-AP), que foi seu antecessor e trabalha, agora, para também ser sucessor do mineiro em 2025. Tudo, porém, a partir de acordos construídos nos bastidores.

Alcolumbre está na vida política desde 1999 e foi eleito para o primeiro mandato no Senado em 2014. Cinco anos depois, venceu a disputa para a Presidência do Congresso, cargo em que permaneceu por dois anos. Pacheco o substituiu, mas foi eleito com intensa campanha do amapaense, como forma de manter sua influência em espaços de poder.

Desde então, é Davi Alcolumbre quem abre o chamado “caminho das pedras” para Pacheco, que escolheu não contestar o “padrinho” dentro do Senado, como um gesto de gratidão. É Alcolumbre quem atua por acordos políticos, com trânsito livre até hoje na Presidência do Senado e, inclusive, na Residência Oficial, localizada no Lago Sul, bairro nobre de Brasília (DF).

Alcolumbre é, hoje, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, considerado o colegiado mais importante da Casa, e costuma atuar com as cartas que têm nas mãos. É nesta comissão que ocorrem as sabatinas de indicados pelo presidente da República para funções de relevância nacional e que o amapaense tenta entrar nas negociações.

É o caso, no momento, das vagas desocupadas de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e de procurador-geral da República (PGR). Alcolumbre tem como favoritos para os cargos, respectivamente, o atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e o vice-procurador-geral-eleitoral, Paulo Gonet.

Foi com esse interesse que Alcolumbre destravou a votação de três indicados para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Depois de meses emperradas, as indicações terão análise em sessão convocada para a próxima quarta-feira (25).

Também foi sob o comando de Alcolumbre que a CCJ aprovou pautas consideradas como afronta ao Judiciário, como o marco temporal para demarcação de terras indígenas - que avançou após o STF derrubar a tese - e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende limitar a atuação de ministros da Suprema Corte, aprovada em 42 segundos.

As articulações para ser novamente eleito presidente do Congresso incluem um jogo de comando próprio sobre as atividades no Parlamento. Ele não compareceu, por exemplo, a quase nenhuma sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos de 8 de janeiro, que era integrante titular.

O senador não registrou presença nem na última quarta-feira (18), dia de encerramento dos trabalhos e votação do relatório final da CPMI. Dessa forma, se esquivou do risco de desagradar governistas e senadores da oposição, já que espera conquistar votos nos dois grupos na eleição interna.

Apesar da influência em Brasília, Alcolumbre tem mais atuação pública no Amapá do que nacionalmente. A intenção é manter a importância de seu nome no cenário regional, garantindo votos para futuras eleições e costurando alianças nas disputas. Na capital federal, o foco dele continua sendo agir nos bastidores com parlamentares e, assim, continuar com seu espaço na política.

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