BRASÍLIA - O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, negou neste domingo (14) que tenha discutido a renovação da concessão da distribuidora de energia Enel, em resposta nas redes sociais ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sobre o apagão que atinge a capital e a região metropolitana desde o temporal de sexta-feira, 11.
Silveira escreveu ainda que o contrato até 2028 foi assinado por “aliados” do prefeito, em referência ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que apoia a candidatura de Nunes à reeleição. O presidente da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Sandoval Feitosa, foi indicado por Bolsonaro, em 2021, e tem mandato até agosto de 2027.
“Pergunto ao prefeito: as árvores do SP que caíram em cima das redes de energia também são de responsabilidade do governo federal? O que anda fazendo a Aneel, agência ocupada por indicações bolsonaristas, que não dá andamento ao processo de caducidade que denunciei há meses?”, apontou.
“De olho na herança eleitoral de Pablo Marçal, Ricardo Nunes se mostra um excelente aprendiz de malfeitos, ao divulgar fake news. A verdade é que participei de um fórum de debates na Itália com a presença de vários empresários e autoridades italianas”, disse o ministro.
No sábado, o prefeito de São Paulo postou nas redes sociais que o governo federal quer renovar o contrato com a Enel e compartilhou uma notícia da participação de Silveira em um evento em Roma com o diretor da Enel Alberto De Paoli, na sexta.
“É lamentável. No dia do apagão, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, falou em um evento com o diretor da Enel, em Roma, na Itália, da possibilidade de renovação dos contratos da Enel no Brasil. São Paulo não merece que a Enel continue prestando seus serviços aqui”, escreveu.
Candidatos também trocam acusações
O apagão que afetou mais de 2 milhões de residências em São Paulo também foi arma durante a campanha eleitoral. O candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol), aproveitou para responsabilizar o atual prefeito e candidato à reeleição pelos estragos na cidade, principalmente pela falta de poda ou remoção em árvores da cidade.
Boulos ainda publicou nas redes sociais: "Será que o Ricardo Nunes vai cobrar do seu aliado atender o pedido e romper o contrato com a Enel ou vai continuar fugindo da responsabilidade?".
No sábado, ao ser questionado sobre as declarações do adversário, o atual prefeito declarou que Boulos “está lacrando” enquanto ele “está trabalhando”. “Boulos é um oportunista profissional, que gosta de falar muito e fazer pouco”, disse.
Ministério cobra plano de contingência da Aneel
O ministro de Minas e Energia convocou a Aneel, em ofício neste domingo (13), a apresentar um plano de contingência para São Paulo e afirmou que pretende exigir a “colaboração de todas as concessionárias na solução do problema”. O presidente do órgão regulador deve apresentar o plano às 14h desta segunda-feira (14).
Silveira afirmou que “não irá admitir qualquer omissão” e determinou que a agência reguladora se reúna com a Enel e com “demais equipes técnicas das distribuidoras de energia elétrica que possam auxiliar com planos de ações emergenciais para imediata resolução da situação em SP e região metropolitana”.
A Aneel convocou neste domingo a Enel e outras oito distribuidoras de energia para avaliar o atendimento e as ações já adotadas.
No sábado, o ministro criticou a Aneel pela “falha na fiscalização” em relação à interrupção no fornecimento de energia elétrica em São Paulo após o temporal na noite de sexta-feira (11). No total, 2,1 milhões de clientes da Enel, concessionária do serviço no estado, ficaram sem energia.
“A agência claramente se mostra falha na fiscalização da distribuidora de energia, uma vez que o histórico de problemas da Enel ocorre reiteradamente em São Paulo e também em outras áreas de concessão da empresa”, diz a nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia.
"Mostrando novamente falta de compromisso com a população, a agência reguladora não deu qualquer andamento ao processo que poderia levar à caducidade da distribuidora, requerido há meses pelo Ministério, o que deve ensejar a apuração da atuação da ANEEL junto aos órgãos de controle”, continua o texto.