ENCHENTES

Em 12 horas, chove em Porto Alegre o esperado para todo o mês

Com o grande volume, bairros da capital gaúcha voltaram a ser alagados na quinta-feira (23). A chuva não dá trégua nesta sexta-feira (24) em todo o Rio Grande do Sul

Por Renato Alves
Publicado em 24 de maio de 2024 | 11:37 - Atualizado em 24 de maio de 2024 | 11:37
 
 
 

BRASÍLIA – Em 12 horas desta quinta-feira (23), choveu em Porto Alegre o volume esperado para todo o mês de maio. Foram 112,6 milímetros. A média mensal é 112,8 milímetros. Os dados são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O órgão informou que o dado sobre a chuva de quinta-feira foi coletado na estação automática do bairro Jardim Botânico. Até o mesmo dia, ela registrou 461mm de chuva no mês, quatro vezes a média de maio – em 2023, choveu 114,8mm.

Ainda de acordo com o Inmet, maio de 2024 é o mais chuvoso em Porto Alegre desde 2016, quando o instituto começou a fazer os registros na capital gaúcha. Na histórica enchente de maio de 1941, choveu 405,5mm.

Alerta para chuvas fortes com muitos raios

A chuva não dá trégua nesta sexta-feira (24) em todo o Rio Grande do Sul. Uma área de baixa pressão na costa dá origem a uma frente fria que avança pelo Estado, com queda na temperatura. A instabilidade continua, devido a circulação de vento em diferentes níveis atmosféricos, mantendo o tempo nublado e chuvoso.

Toda a região da Costa Doce, centro, vales, litoral norte, nordeste, noroeste, norte e região metropolitana de Porto Alegre estão em alerta para as chuvas e os ventos fortes com descarga elétrica, muitos raios.  

A orientação da Defesa Civil é de que a população nessas regiões busque áreas seguras e retire eletroeletrônicos da tomada durante os temporais, além de fechar bem portas e janelas.

Defesa Civil evacua bairro com risco de deslizamento

Com a intensificação dos ventos litorâneos e a previsão de grandes volumes de chuva para esta sexta-feira (24), a Defesa Civil do Rio Grande do Sul iniciou, na noite de quinta-feira, a evacuação do bairro Morro Toca dos Corvos, em Cruzeiro do Sul. A região está sob risco de deslizamento.

O local passou por vistoria, que resultou em relatório técnico do Grupo de Avaliação de Movimento de Massa do Rio Grande do Sul (Gamma) com indicação de risco de movimento de massa.

A ação de evacuação começou às 23h e ainda está em andamento, com o apoio de agentes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Infraestrutura, Brigada Militar, do Corpo de Bombeiros Militar e do Exército Brasileiro.

Mais duas mortes por leptospirose confirmadas e total chega a 4

Nesta sexta-feira, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul confirmou mais duas mortes por leptospirose relacionadas às enchentes registradas. As vítimas são dois homens, de 56 e 50 anos, moradores de Cachoeirinha e Porto Alegre.

Em nota, a secretaria informou que a confirmação se deu após resultado positivo de amostras analisadas pelo Laboratório Central (Lacen). O óbito do residente de Cachoeirinha ocorreu em 19 de maio. Já a morte do morador da capital ocorreu em 18 de maio.

Outras duas mortes registradas anteriormente e relacionadas ao período de enchentes aconteceram em Venâncio Aires e Travesseiro. Há ainda quatro mortes em investigação para a doença em Encantado, Sapucaia, Viamão e Tramandaí.

“Mesmo que a leptospirose seja uma doença endêmica, com circulação sistemática, episódios como alagamentos aumentam a chance de infecção. Por isso, é importante que a população procure um serviço de saúde logo nos primeiros sintomas: febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios”, destacou a secretaria em nota.

Apenas em maio, o Estado confirmou 54 casos da doença. Outros casos e óbitos já haviam sido registrados antes do período de calamidade pública enfrentado pelo Rio Grande do Sul. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2024, até 19 de abril, foram contabilizados 129 casos e seis óbitos. Já em 2023, foram 477 casos e 25 óbitos.

A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados, que pode estar presente na água ou lama de locais com enchente. O contágio pode ocorrer a partir do contato da pele com água contaminada, além de mucosas. Os sintomas surgem entre cinco e 30 dias após a contaminação.

Número de mortes nas enchentes sobe para 163

Veja os números mais recentes da catástrofe, divulgados pela Defesa Civil na noite de quinta-feira (23):

  • Mortos: 163
  • Feridos: 806
  • Desaparecidos: 64
  • Pessoas em abrigos: 65.762
  • Pessoas desalojadas: 581.643
  • Pessoas resgatadas: 82.666
  • Animais resgatados: 12.358
  • Municípios afetados: 469 (de 497)
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