BRASÍLIA - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fará mais um gesto público de apoio ao seu ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), nesta sexta-feira (21). Durante uma cerimônia de anúncios de investimentos no Maranhão, Lula divulgará projetos nos setores portuário, elétrico, esportivo e de mobilidade urbana.
O ato ocorre após a Polícia Federal (PF) ter indiciado Juscelino por suspeita de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva em um inquérito que investiga desvios de recursos de obras de pavimentação financiadas com dinheiro público da Codevasf, uma estatal controlada pelo Centrão.
Em uma rede social, Juscelino anunciou que estaria ao lado do presidente em São Luís, no Maranhão, para anunciar "uma série de obras e ações". Ele ressaltou: “Os maranhenses contam com atenção especial do nosso governo, e seguiremos trabalhando na construção de um estado e um Brasil melhores para todos”.
Lula já havia manifestado anteriormente seu apoio público ao ministro, afirmando que Juscelino “tem o direito de provar que é inocente”.
Durante uma declaração em Genebra, na Suíça, onde participou do lançamento da Coalizão para Justiça Social da Organização Internacional do Trabalho (OIT) a pouco mais de uma semana, Lula comentou:
“Eu acho que o fato do cara ser indiciado não significa que o cara cometeu um erro. Significa que alguém está acusando, e que a acusação foi aceita. Agora, eu preciso que as pessoas provem que são inocentes e ele tem o direito de provar que é inocente. Eu não conversei com ele ainda, eu vou conversar hoje [quinta-feira] e vou tomar uma decisão sobre esse assunto”.
Juscelino menciona o 'modus operandi' da Lava Jato
Juscelino Filho negou qualquer envolvimento em desvios de verbas federais da Codevasf. Em uma nota oficial, o ministro afirmou que a investigação “repete o modus operandi” da operação Lava Jato, a qual, segundo ele, “causou danos irreparáveis a pessoas inocentes”.
O ministro também questionou a “isenção” do delegado responsável pelo inquérito, reclamando de ter sido ouvido na PF por apenas 15 minutos. Ele alegou que o investigador “não fez questionamentos relevantes sobre o objeto da investigação” e “encerrou abruptamente” o procedimento “sem dar espaço para esclarecimentos ou aprofundamento”.
“É importante lembrar que o indiciamento não implica em culpa. A Justiça é a única instância competente para julgar, e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário. Minha inocência será comprovada ao final desse processo, e espero que o amplo direito de defesa e a presunção de inocência sejam respeitados”, ressaltou Juscelino.
Ele ainda afirmou que o indiciamento é “político”. Segundo Juscelino, “a investigação, que deveria ser um instrumento para descobrir a verdade, parece ter se desviado de seu propósito original. Em vez disso, concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos. O indiciamento é uma ação política e previsível, que parte de uma apuração que distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito”.
União Brasil declara ‘total apoio’
O União Brasil expressou “total apoio” a Juscelino Filho em uma nota da sua Executiva Nacional, onde criticou o que chamou de “prejulgamentos”.
“É importante esclarecer que essa investigação não tem relação direta com a atuação de Juscelino Filho como ministro das Comunicações. Curiosamente, ela teve início após sua nomeação para o primeiro escalão do governo federal, o que levanta suspeitas sobre uma possível atuação direcionada e parcial na apuração”, afirmou o partido no comunicado oficial.
A legenda também alegou que ocorreram “vazamentos seletivos” e “descontextualizados” sobre Juscelino e destacou que investigações semelhantes no passado resultaram em “condenações injustas”. “Indiciamento não deve significar culpa, e o princípio da presunção de inocência e o devido processo legal devem ser rigorosamente respeitados.”