BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do primeiro evento com a presença do pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), e de sua vice na chapa, Marta Suplicy (PT), depois de uma irregularidade eleitoral. Eles dividiram palco, neste sábado (29), em um evento oficial de investimentos na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Em um ato no início de maio, Lula pediu votos para Boulos nas eleições de outubro deste ano. A prática é proibida pela lei eleitoral antes do início oficial da campanha, em agosto. “Eu vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em 1989, em 1994, em 1998, em 2006, em 2010, em 2018, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo”, disse o petista na ocasião. 

O momento chegou a ser transmitido nos canais do governo em plataformas de vídeo como YouTube, mas partidos da oposição denunciaram propaganda eleitoral antecipada. A Justiça, então, ordenou que o conteúdo fosse removido.

Lula, Boulos e Marta dividiram o palco do evento deste sábado ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), de ministros do governo federal, políticos locais e de nomes ligados à educação e à Unifesp. A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, também esteve presente. 

Lula fez uma referência ao episódio ao comentar: "Eu não posso falar o nome do Boulos porque já fui multado uma vez porque falei o nome dele. Não posso falar". O presidente exaltou Marta sem citá-la como pré-candidata. De acordo com o petista, ela teve uma "gestão extraordinária" quando foi prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004.

"Eu disse à Marta: ‘você vai perder as eleições porque cuidou muito dos pobres e algumas pessoas acham que você não deveria fazer só para os pobres. Eu tenho certeza que foi esse preconceito que derrubou a Marta, porque ela tinha 60% de aprovação de bom e ótimo. A única coisa que justifica é o preconceito contra as pessoas fazem política dando preferência para os pobres", disse.

Já Boulos discursou com o microfone na mão e usou o nome de Lula para alfinetar seus adversários políticos, mas sem citar as eleições municipais. Ele criticou as escolas cívicos-militares, modelo que será aderido pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição, a partir de um projeto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“Enquanto o presidente Lula está inaugurando universidade e instituo federal, tem gente que acha que a solução é escola militar. Não é. Policial é muito bom para garantir segurança, mas dentro da escola e da sala de aula tem que ser professor, e professor valorizado”, disse Boulos.

Boulos agradeceu a Lula pelos investimentos federais na Zona Leste, região com áreas periférica em São Paulo, e citou a construção de um campus do Instituto Federal no bairro Cidade Tiradentes, “um bairro que foi tratado pelo outro lado sempre com descaso”. “Eu quero agradecer ao presidente Lula. Obrigado por esse presente que o seu governo está dando para a cidade de São Paulo e para o povo da Zona Leste”, completou.

“Enquanto tem gente que ainda hoje acha que o morador da periferia tem de ser tratado diferente do morador do [bairro] Jardins, nós temos a convicção de que o morador de Itaquera e de Cidade Tiradentes tem que ser tratado com o mesmo respeito do morador do Jardins, do Morumbi ou de qualquer outro bairro rico dessa cidade. Essa é a diferença [de projetos de governo] e é isso que está em jogo”, completou Boulos.