BRASÍLIA - O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou nesta quarta-feira (3) que a realização de um novo leilão de arroz depende da aprovação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Estamos estudando todas as possibilidades, aliás, hoje estavam aqui os arrozeiros do Rio Grande do Sul, eles vão apresentar sugestões, mas quem vai decidir sobre todas as medidas será o presidente Lula. Ele já decidiu que vamos lançar mão dos contratos de opção, ou seja, você diz: ó, produtor, vou pagar tanto. Se ele não conseguir o preço [no mercado], vamos comprar o arroz dele. O edital do leilão está pronto e vamos levar essa decisão ao presidente Lula”, declarou o ministro aos jornalistas no Palácio do Planalto.
A declaração foi feita após o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciar que o governo do presidente Lula suspendeu o leilão do arroz por tempo indeterminado. A suspensão busca negociar um acordo com o agronegócio para controlar os preços do produto, com a possibilidade de retomar o leilão caso os preços aumentem.
Além disso, a fala de Teixeira ocorreu após o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2024/2025. Este programa prevê a liberação de R$ 85,7 bilhões para pequenos produtores, com foco em investimentos na agricultura familiar, sendo R$ 76 bilhões destinados ao crédito rural.
O objetivo do plano é promover ações mais agroecológicas e a produção de alimentos essenciais para a população. A taxa de juros para a produção orgânica, agroecológica e de produtos da sociobiodiversidade será de 2% para custeio e 3% para investimento. Para produtores de feijão, por exemplo, os juros serão reduzidos para 3% no caso da produção convencional e 2% para a produção orgânica.
Durante a cerimônia, também foi lançado o edital do programa Ecoforte, que visa apoiar projetos de redes de agroecologia, extrativismo e produção orgânica. Além disso, houve redução das taxas de juros para 0,5% a 6% em 10 linhas de financiamento de crédito rural do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
O governo criou uma estratégia nacional para a ampliação da produção de arroz na agricultura familiar, que inclui sete eixos. Um desses eixos é a implementação dos contratos de opção, que definem um preço mínimo para o produto, garantindo ao produtor a comercialização a um valor justo de acordo com o mercado. Essa medida foi motivada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, que prejudicaram a colheita de arroz e ameaçaram o controle de preços.
Haverá também uma linha de crédito para a aquisição de máquinas e implementos agrícolas de pequeno porte, como microtratores, motocultivadores e roçadeiras, no âmbito do Programa Mais Alimentos. Esta ação será destinada às famílias com renda anual de até R$ 100 mil, financiando máquinas de até R$ 50 mil, com juros de 2,5% ao ano, metade da taxa de juros praticada no programa.
O governo anunciou ainda o financiamento, com limite de até R$ 10 mil, das etapas do processo de regularização fundiária de imóveis rurais. Isso inclui despesas com serviços de georreferenciamento, tributos, emolumentos e custas cartoriais. A taxa de juros será de 6% ao ano, com prazo de pagamento de 10 anos, incluindo três anos de carência.
Além disso, Lula assinou um projeto de lei e decretos. Um deles institui o Programa Nacional de Florestas Produtivas, voltado para a recuperação de áreas alteradas ou degradadas para fins produtivos.
O objetivo é promover a adequação e regularização ambiental da agricultura familiar, bem como ampliar a capacidade de produção de alimentos saudáveis e de produtos da sociobiodiversidade.