BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mandou um recado aos seus ministros na primeira reunião ministerial do ano, nesta segunda-feira (20), na Granja do Torto: nenhum ministério deverá tomar medidas que possam colocar o governo em situação delicada sem antes passar pelo crivo do Palácio do Planalto.

A declaração vem dias após a crise desencadeada por uma instrução normativa da Receita Federal, revogada na quinta-feira (16), que atualizou as normas de fiscalização do Pix e provocou apreensão em parte da população em meio a uma onda de notícias falsas.

“Daqui para frente, nenhum ministro vai poder fazer portaria que depois crie confusão para nós sem que essa portaria passe pela Presidência da República através da Casa Civil. Muitas vezes a gente pensa que não é nada, mas alguém faz uma portaria, faz um negócio qualquer, daqui a pouco arrebenta e vem cair na Presidência da República”, disse.

Nas últimas semanas, circularam vídeos na internet afirmando que a Receita Federal começaria a taxar o Pix. As notícias falsas vieram a partir da informação de que o órgão passaria a receber dados sobre todo tipo de transferência bancária entre pessoas físicas que ultrapassem o valor de R$ 5 mil. O objetivo seria coibir casos de sonegação fiscal.

A revogação da instrução normativa é vista como a principal derrota do governo Lula nesse início de ano. Aliados avaliam que o governo saiu derrotado do caso ao não conseguir rebater os argumentos da oposição nas redes sociais, que deixaram parte dos comerciantes e consumidores apreensivos com as novas regras.

Também na reunião ministerial, Lula disse que a eleição de 2026 “já começou” com a oposição “em campanha”. Também afirmou que não pretende comprar brigas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse nesta segunda-feira.