BRASÍLIA - A cerimônia em memória dos atos de 8 de janeiro de 2023, a ser realizada nesta quarta-feira (8) no Palácio do Planalto, vai marcar a finalização da restauração de 21 objetos e obras de arte que foram danificados na invasão aos prédios dos Três Poderes e levaram quase dois anos para serem reparados.

Algumas das peças mais notórias já foram levadas ao Planalto nos últimos dias pela equipe do acervo presidencial. Foi o caso, nesta terça-feira (7), do relógio feito por Balthasar Martinot Boulle, no século XVII e dado de presente para Dom João VI, então rei de Portugal, que o trouxe para o Brasil em 1808, junto com a família real portuguesa. 

A peça foi restaurada na Suíça, após acordo com o governo brasileiro, junto com a caixa de André Boulle, artista francês responsável por ter desenhado o mesmo relógio.

Já na última segunda-feira (6), fora entregues cinco obras ao Palácio do Planalto, como a pintura As Mulatas, de Di Cavalcanti, que ganhava destaque no Salão Nobre, onde acontecem cerimônias e solenidades. Trata-se de um quadro com mais de 3,5 metros de largura por 1,2 metro de altura, que sofreu pelo menos sete perfurações no 8 de Janeiro.

Três esculturas também foram devolvidas à sede do Poder Executivo. Uma delas foi “O Flautista”, de Bruno Giorgi, feita de bronze. Ela tem 1,6 metro de altura e havia sido quebrada em quatro partes.

Outras esculturas reparadas foram “Vênus Apocalíptica Fragmentando-se”, da argentina Marta Minujín, feita de metal; e “Galhos e Sombras”, do polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg, fabricada com madeira.

Além disso, dois tipos de vasos serão reinseridos no acervo do Planalto: uma ânfora portuguesa de cerâmica esmaltada e uma “ídria italiana”, um tipo de vaso cerâmico branco e azul, do período do Renascimento, entre os séculos XV e XVII. Neste caso, a peça foi fragmentada em vários pedaços no 8 de Janeiro e precisou de técnicas como raio-X e análise microscópica de esmalte e pigmentos para ser reconstruída.

No caso as esculturas, vasos e do quadro de Di Cavalcanti, as restaurações foram feitas por um laboratório montado no Palácio da Alvorada, composto por profissionais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), tida como referência nesse tipo de trabalho. O custo foi de R$ 2,2 milhões aos cofres públicos.