BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários da Casa na semana que vem. A expectativa é que a agenda ocorra na Residência Oficial de Motta, assim como fez com líderes do Senado no início do mês.
O encontro já estava nos planos de Lula desde que a atual ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, assumiu o cargo - ela também deve participar da reunião. O objetivo inicial é se aproximar dos parlamentares em busca de uma base mais sólida para avançar com a pauta governista na Câmara.
Agora, o compromisso ganha novos contornos com a coleta, até o momento, de 262 assinaturas a favor de um pedido de urgência para o projeto de lei que anistia pessoas envolvidas nos atos de 8 de janeiro de 2023. A iniciativa, que partiu da oposição, tem a aderência majoritária de bancadas que compõem a base aliada de Lula.
A ministra Gleisi Hoffmann já afirmou que o apoio à proposta de anistia por parte dessas bancadas representa uma "profunda contradição" para quem integra a base de Lula.
Hugo Motta tem sido pressionado por ambas as partes - o governo e oposição - no âmbito da proposta, e por isso, ainda não definiu se vai pautar o pedido de urgência. Caso o requerimento seja aprovado, o projeto de lei fica pronto para ser votado pelo plenário, sem ter que passar por comissões.
Em reuniões anteriores com lideranças, Lula sinalizou que quer estreitar relações e se envolver mais diretamente na articulação de projetos prioritários no Congresso e na distribuição de cargos no governo. Em um momento de alta desaprovação do governo, aprovar projetos como o que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda é considerado indispensável.
O fato de Lula se dispor a ir à Residência Oficial da Câmara é visto como um gesto de boa vontade, já que a praxe é que o presidente da República faça esse tipo de reunião no Palácio do Planalto ou no Alvorada. A dúvida é se um Lula mais dedicado ao “corpo a corpo” vai ser algo pontual ou se ele irá, de fato, inaugurar uma nova fase no atual mandato.